quarta-feira, 31 de dezembro de 2008
3
Nada. Recuou e espiou pelos ombros uma última vez, quem sabe agora não estaria ali a espreitá-la, aguardando o momento certo para dar o bote... Nada. Desfez suas malas, já não precisava carregar tanto peso. Dobrou e guardou tudo nas gavetas do seu coração. Teve que tomar uma dose extra de coragem pra encaixotar as esperanças, e foi como se estivesse embalando a ela mesma, tal foi a falta de ar que sentiu quando lacrou a última fresta. Agora não podia escapar, não havia maneira. Enxugou as lágrimas e fez do choro do céu o seu. Eram as chuvas de verão a consolando e soprando em seu ouvido que era permitido chorar, que o sol havia se compadecido de suas dores e permitido que ela sofresse antes de continuar. Mas ela não queria. Queria não conhecer as palavras e os sentimentos. Queria calar-se para sempre... Queria correr. E correu. Correu o máximo que pôde. Em silêncio, gastou todas as forças que ousaram escapar dos armários, dos caixotes, do coração. E quando já não podia suportar a solidão da sua alma gritou para quem quisesse ouvir: "Eu existo", e então deixou de existir para si mesma.
domingo, 2 de novembro de 2008
quarta-feira, 8 de outubro de 2008
Bicho livre
" (...) Gosto da pessoa que sou hoje. E, felizmente, ou infelizmente, a pessoa que sou hoje é produto da pessoa que fui naqueles tempos, resultado do garoto que arriscava, que agredia, que se defrontava, que destemia, que vivia cada segundo da vida como se fosse o último. Cada um de nós é a soma das experiência de nossas vidas, que transformamos em nossa maneira de ser, de pensar, de agir e de viver. E se, hoje em dia, eu gosto da minha forma de ser, de pensar, de agir e de viver, ela é reflexo daquilo que fui ontem."
(Bicho Solto - Fred Pinheiro em depoimento a Ivan Sant'anna)
Um bom livro...
Ouvindo: El tango de Roxanne - Moulin Rouge.
(Bicho Solto - Fred Pinheiro em depoimento a Ivan Sant'anna)
Um bom livro...
Ouvindo: El tango de Roxanne - Moulin Rouge.
sábado, 27 de setembro de 2008
Um dia você aprende.
Sabe meu camarada, um dia, um belo dia você aprende que é dono do próprio nariz, e que se ele é empinadinho, batatão, exótico ou extra-gigante - não importa - desde que a configuração física dele não cause mal à ninguém, isso é um problema seu. É mermão, só seu e de mais ninguém, sacou? Se não sacou, saque agora. É o momento. Um, dois, três: respire fundo. Isso. Assimilando o conteúdo, processando, pimba. Não?! Pois é. Leva tempo. E não é uma máxima absoluta hein!? Vá lá! Quem é 100% coerente aqui que erga a mão!? É um assalto. Sacou? Erga as mãos. Você está preso. Sacou? Tudo bem. Crime fiançável. Nada de mais... Um lapso da consciência. É, tá difícil pra todo mundo, mas ninguém admite. "Pra mim tá na boa!". Conversa pra ruminante dormitar, eu diria. Mas o problema é de quem admite ou não. Não é meu, nem seu, nem do presidente. Deixem o Obama em paz, ele tem a vida dele. Pô! A vida é minha não é de galinha! Como criança é um bicho esperto! Bicho-gente em desenvolvimento, e ainda assim, ganhando de mim e de você, e do meu vizinho. Blé! É isso ai! Se eu não tô te ferindo, não venha me apontando dedos no nariz. Afinal, o nariz é meu. E se ele é empinadinho, batatão, exótico ou extra-gigante, ahn meu camarada, isso é só da minha conta!
sábado, 9 de agosto de 2008
sábado, 19 de julho de 2008
A mind full of questions and a teacher in my soul
O que se passa na minha cabeça não passa, desliza, circunda, agride os sentidos. Isola a realidade. Cega o bom senso. Desperta o selvagem espírito do desconhecido.
Os pensamentos vão de trem até o absurdo e seguem voando até a insanidade. E consomem, consomem, consomem todo o combustível lúcido da minha alma. Abastecem o coração de dúvidas e jamais param para repousar.
Se regressam, vão se desconfigurando pelo caminho, a fim de marcar com migalhas de lembranças a sua passagem. Uma possível volta será facilmente garantida desta maneira.
O que se passa na minha cabeça não passa, existe.
Os meus pensamentos são viajantes permanentemente perdidos, que percorrem as profundezas da minha mente, refazem os caminhos e buscam sempre a melhor trilha, mas jamais encontram uma saída.
" Long nights allow me to feel...
I'm falling...I am falling
The lights go out
Let me feel I'm falling..."
Ouvindo: Long Nights - Eddie Vedder
Os pensamentos vão de trem até o absurdo e seguem voando até a insanidade. E consomem, consomem, consomem todo o combustível lúcido da minha alma. Abastecem o coração de dúvidas e jamais param para repousar.
Se regressam, vão se desconfigurando pelo caminho, a fim de marcar com migalhas de lembranças a sua passagem. Uma possível volta será facilmente garantida desta maneira.
O que se passa na minha cabeça não passa, existe.
Os meus pensamentos são viajantes permanentemente perdidos, que percorrem as profundezas da minha mente, refazem os caminhos e buscam sempre a melhor trilha, mas jamais encontram uma saída.
" Long nights allow me to feel...
I'm falling...I am falling
The lights go out
Let me feel I'm falling..."
Ouvindo: Long Nights - Eddie Vedder
segunda-feira, 7 de julho de 2008
O que não tem medida nem nunca terá
" Você é fria Luma".
O que será (à flor da pele) - Chico Buarque
O que será que me dá
Que me bole por dentro, será que me dá
Que brota à flor da pele, será que me dá
E que me sobe às faces e me faz corar
E que me salta aos olhos a me atraiçoar
E que me aperta o peito e me faz confessar
O que não tem mais jeito de dissimular
E que nem é direito ninguém recusar
E que me faz mendigo, me faz suplicar
O que não tem medida, nem nunca terá
O que não tem remédio, nem nunca terá
O que não tem receita
O que será que será
Que dá dentro da gente e que não devia
Que desacata a gente, que é revelia
Que é feito uma aguardente que não sacia
Que é feito estar doente de uma folia
Que nem dez mandamentos vão conciliar
Nem todos os ungüentos vão aliviar
Nem todos os quebrantos, toda alquimia
Que nem todos os santos, será que será
O que não tem descanso, nem nunca terá
O que não tem cansaço, nem nunca terá
O que não tem limite
O que será que me dá
Que me queima por dentro, será que me dá
Que me perturba o sono, será que me dá
Que todos os tremores me vêm agitar
Que todos os ardores me vêm atiçar
Que todos os suores me vêm encharcar
Que todos os meus nervos estão a rogar
Que todos os meus órgãos estão a clamar
E uma aflição medonha me faz implorar
O que não tem vergonha, nem nunca terá
O que não tem governo, nem nunca terá
O que não tem juízo
Ouvindo: Faz parte do meu show - Cazuza
O que será (à flor da pele) - Chico Buarque
O que será que me dá
Que me bole por dentro, será que me dá
Que brota à flor da pele, será que me dá
E que me sobe às faces e me faz corar
E que me salta aos olhos a me atraiçoar
E que me aperta o peito e me faz confessar
O que não tem mais jeito de dissimular
E que nem é direito ninguém recusar
E que me faz mendigo, me faz suplicar
O que não tem medida, nem nunca terá
O que não tem remédio, nem nunca terá
O que não tem receita
O que será que será
Que dá dentro da gente e que não devia
Que desacata a gente, que é revelia
Que é feito uma aguardente que não sacia
Que é feito estar doente de uma folia
Que nem dez mandamentos vão conciliar
Nem todos os ungüentos vão aliviar
Nem todos os quebrantos, toda alquimia
Que nem todos os santos, será que será
O que não tem descanso, nem nunca terá
O que não tem cansaço, nem nunca terá
O que não tem limite
O que será que me dá
Que me queima por dentro, será que me dá
Que me perturba o sono, será que me dá
Que todos os tremores me vêm agitar
Que todos os ardores me vêm atiçar
Que todos os suores me vêm encharcar
Que todos os meus nervos estão a rogar
Que todos os meus órgãos estão a clamar
E uma aflição medonha me faz implorar
O que não tem vergonha, nem nunca terá
O que não tem governo, nem nunca terá
O que não tem juízo
Ouvindo: Faz parte do meu show - Cazuza
Você morreria por mim ?
Não, não morreria. Tampouco viveria. Semi-viver não é viver. Metade não é tudo. Ódio não é amor. Não! Não é.
Dor não faz bem e chorar não lava a alma, destrói. Encharca. Traz as sujeiras à tona.
Eu não queria que todos os dias fossem de sol, que não existissem problemas e que ninguém pudesse me ferir.
Porque querer um mundo perfeito, se o meu mundo é você?
Eu morreria.
Ouvindo: Save you- Pearl Jam
Dor não faz bem e chorar não lava a alma, destrói. Encharca. Traz as sujeiras à tona.
Eu não queria que todos os dias fossem de sol, que não existissem problemas e que ninguém pudesse me ferir.
Porque querer um mundo perfeito, se o meu mundo é você?
Eu morreria.
Ouvindo: Save you- Pearl Jam
domingo, 15 de junho de 2008
De repente...
De repente o insano repentino devaneio falta luz não tem mais céu e o grito na garganta afoga o peito afoga a mente a cabeça gira o coração pára frente ao medo e gritando segue em frente ao devaneio repentino de repente que recruta o sentido pra dentro do vazio da garrafa estourada no espelho do navio que navega pelo gelo e ejeta a minha culpa enquanto um tiro acerta o ouro que esperava ser encontrado no caminho da eternidade quem diz tudo sempre quer dizer tudo o que nunca disse e nem vai dizer porque o azul cansou do verde e o amarelo do seu corpo reluzindo a sua alma de pedra que partiu o mundo inteiro repentino de repente o insano devaneio veio veio e acalmou veio veio veio transformou o que era raiva choro saudade e solidão. Veio, veio, veio.
domingo, 1 de junho de 2008
Luz!
Quando o ar faltar aos pulmões... Respire. Quando o chão faltar aos pés... Caminhe. Quando a luz faltar aos olhos... Enxergue. Ninguém espera que você nade contra a corrente. Quando os riscos nos fazem guardar a coragem numa caixinha lacrada pelo medo, tudo o que se espera é uma inundação de falso amor próprio. Libertar-se das correntes da mesmice e do lugar-comum, e se dar uma nova alternativa nem sempre é fácil. No entanto, viver acorrentado à verdades duvidosas e aceitar passivamente o fracasso são realidades bem mais difíceis de enfrentar. Portanto, se houver uma carta na manga, uma última esperança, uma fresta, ainda que imperceptível, na caixinha... Continue. Dói estar no meio de um castelo de sonhos enquanto ele desaba e vira pó. Dói sentir que faz muito frio, quando tudo o que você esperava era o calor de um dia de verão. Dói olhar dentro dos olhos de algúem e se ver afogado em lágrimas. Quando tiver a chance, enfrente tudo e todos por você e por alguém. Quando puder, reconstrua o seu castelo com pedras e cimento mais resistentes. Quando precisar, abrace o sol. Quando olhar nos meus olhos, veja o que eu quero que você veja sempre: uma alma que já não é mais minha... É sua desde o dia em que você nadou contra a corrente, lutou contra os meus medos e me salvou de todas as falsas verdades, nas quais eu insistia em acreditar.
São mil as maneiras de dizer. Eu digo por sutilezas. Eternamente sutil por, com e para você.
"E quando tudo parecer perdido e sem sentido, eu vou gostar mais de você!"
Ouvindo: She's the one - Robbie Williams (A música!)
São mil as maneiras de dizer. Eu digo por sutilezas. Eternamente sutil por, com e para você.
"E quando tudo parecer perdido e sem sentido, eu vou gostar mais de você!"
Ouvindo: She's the one - Robbie Williams (A música!)
domingo, 27 de abril de 2008
Seme(i)ador
Luminha*~mente sã em camisa de força... diz:
a minha cabeça é um moinho lu...q roda roda e nao sai do lugar.
O Mundo é Um Moinho - Cartola
Ainda é cedo amor.
Mal começaste a conhecer a vida.
Já anuncias a hora da partida.
Sem saber mesmo o rumo que irás tomar.
Presta atenção querida, embora eu saiba que estas resolvida.
Em cada esquina cai um pouco a tua vida.
Em pouco tempo não serás mais o que és.
Ouça-me bem amor.
Preste atenção, o mundo é um moinho.
Vai triturar teus sonhos tão mesquinhos.
Vai reduzir as ilusões a pó.
Preste atenção querida.
Em cada amor tu herdarás só o cinismo.
Quando notares estás à beira do abismo.
Abismo que cavastes com teus pés.
Ouvindo: A viagem - Roupa Nova
a minha cabeça é um moinho lu...q roda roda e nao sai do lugar.
O Mundo é Um Moinho - Cartola
Ainda é cedo amor.
Mal começaste a conhecer a vida.
Já anuncias a hora da partida.
Sem saber mesmo o rumo que irás tomar.
Presta atenção querida, embora eu saiba que estas resolvida.
Em cada esquina cai um pouco a tua vida.
Em pouco tempo não serás mais o que és.
Ouça-me bem amor.
Preste atenção, o mundo é um moinho.
Vai triturar teus sonhos tão mesquinhos.
Vai reduzir as ilusões a pó.
Preste atenção querida.
Em cada amor tu herdarás só o cinismo.
Quando notares estás à beira do abismo.
Abismo que cavastes com teus pés.
Ouvindo: A viagem - Roupa Nova
sexta-feira, 18 de abril de 2008
quarta-feira, 9 de abril de 2008
" O que me tranqüiliza é que tudo o que existe, existe com uma precisão absoluta."
Repasse alegrias. Enxugue as lágrimas com um bocado de compaixão. Ria. Ria de si mesmo e de sua capacidade de rir de qualquer coisa. Distribua bilhetes recheados de bom humor. Sinta o vento nos cabelos e o cheirinho da grama molhada após uma chuva doce. Ame. Viaje pra longe. Viaje pra perto de quem você gosta. Continue, SEMPRE. Seja tudo pra alguém... E acorde sorrindo todas as manhãs.
Hoje eu acordei feliz. Melancolia é coisa de segunda-feira... E hoje ainda é quarta! Viva!
Será magia, miragem, milagre... Será mistério?!
É você. Só tudo isso!
Ouvindo: De repente Califórnia - Lulu Santos
Hoje eu acordei feliz. Melancolia é coisa de segunda-feira... E hoje ainda é quarta! Viva!
Será magia, miragem, milagre... Será mistério?!
É você. Só tudo isso!
Ouvindo: De repente Califórnia - Lulu Santos
sexta-feira, 21 de março de 2008
MEDOnho!
"Faça aquilo que você receia e a morte do medo será certa." (Ralph Waldo Elerson)
Sentir medo não é sinal de fraqueza. É uma ruptura súbita do nosso processo de racionalização; um alerta do nosso subconsciente para o nosso consciente; fantasia maquiada de realidade; confusão generalizada dos sentidos.
O medo "normal" vem de estímulos reais de ameaça à vida. A cada situação nova, inesperada, que representa um perigo, surge o medo. Mas e quando tudo causa medo e não conseguimos agir?
Todo mundo teme algo . Claro que a intensidade do medo será intensificada pelo histórico de vida de cada um. Portanto, diante de nossos pavores, só nos restam duas alternativas: lutar ou fugir.
Vivemos de aparências, e qualquer possibilidade de ameaça à nossos "Totens" torna-se razão para uma possível apreensão. Uma resposta mental, que trasformada em fisiológica, nos avisa que corremos algum perigo. E enquanto alimentarmos a ilusão de que algo nos assusta, nos paralisa e nos inferioriza, nosso cérebro continuará respondendo da maneira a qual está habituado, e nós sentiremos medo.
Mas o propósito fundamental desse post não é explicar tecnicamente as origens do estado de pânico (até porque eu não tenho o conhecimento necessário pra tal, e as explicações acima, admito, são vagas e passíveis de erros), e sim descarregar um pacote de sentimentos presos dentro de mim. Aliás, blogs são ótimas penseiras!
O fato é que eu tenho sentido bastante medo. Um pouco por estar em uma cidade nova, por ter que enfrentar sozinha todas as responsabilidades e desafios que um dia foram afastados do meu caminho, por não saber se eu vou conseguir passar ilesa pelas aulas de neuroanatomia (elas me apavoram)...
Enfim, são medos fundamentados em diferentes situações, mas igualmente irritantes.
Eu não queria ser finalmente dona das minhas próprias decisões?! Não tinha anseios por liberdade?! É o preço que se paga por crescer?! Acho barato, mas acho chato. Incomoda ter tantas preocupações, tantos pensamentos assustadores e, na maioria, irreais. Dá trabalho e desperdiça tempo. Ao invés de perder noites de sono manipulando mentalmente os meus medos, eu deveria acordar cedo e jogar um balde de água fria em todos eles. Não em todos, tudo bem, ninguém é totalmente imune à filmes de terror, à criminalidade e aos sentimentos de solidão e irresponsabilidade.
Fórmulas mágicas ficam por conta da ficção. Aqui, na vida real, sentir medo é só mais um estado humano, mas que não precisa, obrigatoriamente, ser um estado imutável.
Toquinho e Vinicius de Moraes - Sem Medo
Como é que pode, a gente ser menino
Ter sua coragem, traçar seu destino
Sem pular o muro, trepar no coqueiro
Ir no quarto escuro, mãe
Me mete medo, mãe
Me mete medo, mãe
Me mete medo
O bicho te pega, boi da cara preta
Deus te castiga, medo de careta
Boi da cara preta, mãe
Me mete medo, mãe
Me mete medo, mãe
Me mete medo
Mas atravesse o escuro sem medo
Atravesse o escuro sem medo
Atravesse o escuro sem medo
De repente a gente começa a crescer
Quer uma mulher que não pode ser
O pai quer matar, a mãe quer morrer
Não dá pra ganhar, não dá pra perder
Não dá
A mulher se joga do alto do edificio
Porque o mais fácil fica o mais dificil
Fica o mais dificil
Mas atravesse a vida sem medo
Atravesse a vida sem medo
Atravesse a vida sem medo
O perigo existe, faz parte do jogo
Mas não fique triste, que viver é fogo
Veja se resiste, comece de novo
Comece de novo, comece de novo
Ao cruzar a rua você está arriscando
Pode estar na lua, pode estar amando
Passa um caminhão, cruza uma perua
O cara tá na dele, você tá na sua
Você tá na sua, você tá na sua
Mas atravesse a rua sem medo
Atravesse a rua sem medo
Atravesse a rua sem medo
Chega um belo dia de qualquer semana
Alguém bate na porta, é um telegrama
Ela está chamando, é um telegrama
Ela está chamando, pra uns ela vem cedo
Pra outros vem tarde
É que cedo ou tarde, ela vem de repente
Chega pro covarde, chega pro valente
Só tem que ninguém gosta de ir na frente
Gosta de ir na frente
Gosta de ir na frente
Gosta de ir na frente
Mas atravesse a morte sem medo
Atravesse a morte sem medo
Atravesse a morte sem medo
Ouvindo: Black - Pearl Jam
Sentir medo não é sinal de fraqueza. É uma ruptura súbita do nosso processo de racionalização; um alerta do nosso subconsciente para o nosso consciente; fantasia maquiada de realidade; confusão generalizada dos sentidos.
O medo "normal" vem de estímulos reais de ameaça à vida. A cada situação nova, inesperada, que representa um perigo, surge o medo. Mas e quando tudo causa medo e não conseguimos agir?
Todo mundo teme algo . Claro que a intensidade do medo será intensificada pelo histórico de vida de cada um. Portanto, diante de nossos pavores, só nos restam duas alternativas: lutar ou fugir.
Vivemos de aparências, e qualquer possibilidade de ameaça à nossos "Totens" torna-se razão para uma possível apreensão. Uma resposta mental, que trasformada em fisiológica, nos avisa que corremos algum perigo. E enquanto alimentarmos a ilusão de que algo nos assusta, nos paralisa e nos inferioriza, nosso cérebro continuará respondendo da maneira a qual está habituado, e nós sentiremos medo.
Mas o propósito fundamental desse post não é explicar tecnicamente as origens do estado de pânico (até porque eu não tenho o conhecimento necessário pra tal, e as explicações acima, admito, são vagas e passíveis de erros), e sim descarregar um pacote de sentimentos presos dentro de mim. Aliás, blogs são ótimas penseiras!
O fato é que eu tenho sentido bastante medo. Um pouco por estar em uma cidade nova, por ter que enfrentar sozinha todas as responsabilidades e desafios que um dia foram afastados do meu caminho, por não saber se eu vou conseguir passar ilesa pelas aulas de neuroanatomia (elas me apavoram)...
Enfim, são medos fundamentados em diferentes situações, mas igualmente irritantes.
Eu não queria ser finalmente dona das minhas próprias decisões?! Não tinha anseios por liberdade?! É o preço que se paga por crescer?! Acho barato, mas acho chato. Incomoda ter tantas preocupações, tantos pensamentos assustadores e, na maioria, irreais. Dá trabalho e desperdiça tempo. Ao invés de perder noites de sono manipulando mentalmente os meus medos, eu deveria acordar cedo e jogar um balde de água fria em todos eles. Não em todos, tudo bem, ninguém é totalmente imune à filmes de terror, à criminalidade e aos sentimentos de solidão e irresponsabilidade.
Fórmulas mágicas ficam por conta da ficção. Aqui, na vida real, sentir medo é só mais um estado humano, mas que não precisa, obrigatoriamente, ser um estado imutável.
Toquinho e Vinicius de Moraes - Sem Medo
Como é que pode, a gente ser menino
Ter sua coragem, traçar seu destino
Sem pular o muro, trepar no coqueiro
Ir no quarto escuro, mãe
Me mete medo, mãe
Me mete medo, mãe
Me mete medo
O bicho te pega, boi da cara preta
Deus te castiga, medo de careta
Boi da cara preta, mãe
Me mete medo, mãe
Me mete medo, mãe
Me mete medo
Mas atravesse o escuro sem medo
Atravesse o escuro sem medo
Atravesse o escuro sem medo
De repente a gente começa a crescer
Quer uma mulher que não pode ser
O pai quer matar, a mãe quer morrer
Não dá pra ganhar, não dá pra perder
Não dá
A mulher se joga do alto do edificio
Porque o mais fácil fica o mais dificil
Fica o mais dificil
Mas atravesse a vida sem medo
Atravesse a vida sem medo
Atravesse a vida sem medo
O perigo existe, faz parte do jogo
Mas não fique triste, que viver é fogo
Veja se resiste, comece de novo
Comece de novo, comece de novo
Ao cruzar a rua você está arriscando
Pode estar na lua, pode estar amando
Passa um caminhão, cruza uma perua
O cara tá na dele, você tá na sua
Você tá na sua, você tá na sua
Mas atravesse a rua sem medo
Atravesse a rua sem medo
Atravesse a rua sem medo
Chega um belo dia de qualquer semana
Alguém bate na porta, é um telegrama
Ela está chamando, é um telegrama
Ela está chamando, pra uns ela vem cedo
Pra outros vem tarde
É que cedo ou tarde, ela vem de repente
Chega pro covarde, chega pro valente
Só tem que ninguém gosta de ir na frente
Gosta de ir na frente
Gosta de ir na frente
Gosta de ir na frente
Mas atravesse a morte sem medo
Atravesse a morte sem medo
Atravesse a morte sem medo
Ouvindo: Black - Pearl Jam
quarta-feira, 12 de março de 2008
Enfim, só!
Muito tempo ausente. Pouco tempo pra se fazer presente.
Eis que eu passei! Ufu, Unesp e Ufscar. Melhor impossível, ou como eu gosto de dizer, improvável.
Eu começei este blog com o seguinte pensamento: ano novo, vida nova. E não é que agora tudo faz sentido?! Cidade nova, amigos novos, escola nova... Dificuldades novas. E por que não aprendizados novos?! Finalmente eu vou fazer o que gosto. Enfim, SERÃO os melhores 5 anos da minha vida, e muito embora eu esteja assutada com tudo isso, nada se compara à maravilhosa sensação de dever cumprido. Aliás, tem algo que chega bem perto: a ainda embrionária sensação de liberdade.
Eis que eu passei! Ufu, Unesp e Ufscar. Melhor impossível, ou como eu gosto de dizer, improvável.
Eu começei este blog com o seguinte pensamento: ano novo, vida nova. E não é que agora tudo faz sentido?! Cidade nova, amigos novos, escola nova... Dificuldades novas. E por que não aprendizados novos?! Finalmente eu vou fazer o que gosto. Enfim, SERÃO os melhores 5 anos da minha vida, e muito embora eu esteja assutada com tudo isso, nada se compara à maravilhosa sensação de dever cumprido. Aliás, tem algo que chega bem perto: a ainda embrionária sensação de liberdade.
quinta-feira, 24 de janeiro de 2008
Metade de mim fez 19 anos...!

Metade - Oswaldo Montenegro
Que a força do medo que tenho não me impeça de ver o que anseio. Que a morte de tudo que acredito não me tape os ouvidos e a boca. Porque metade de mim é o que eu grito, mas a outra metade é silêncio. Que a música que eu ouço ao longe seja linda, ainda que triste. Que a mulher que eu amo seja sempre amada, mesmo que distante. Porque metade de mim é partida e a outra metade é saudade. Que as palavras que eu falo não sejam ouvidas como prece nem repetidas com fervor, apenas respeitadas como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimento. Porque metade de mim é o que eu ouço, mas a outra metade é o que calo. Que essa minha vontade de ir embora se transforme na calma e na paz que eu mereço. Que essa tensão que me corroe por dentro seja um dia recompensada. Porque metade de mim é o que eu penso e a outra metade é um vulcão. Que o medo da solidão se afaste, que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável. Que o espelho reflita em meu rosto o doce sorriso que eu me lembro de ter dado na infância. Porque metade de mim é a lembrança do que fui, a outra metade eu não sei... Que não seja preciso mais do que uma simples alegria para me fazer aquietar o espírito. E que o teu silêncio me fale cada vez mais. Porque metade de mim é abrigo, mas a outra metade é cansaço. Que a arte nos aponte uma resposta, mesmo que ela não saiba. E que ninguém a tente complicar porque é preciso simplicidade para fazê-la florescer. Porque metade de mim é a platéia e a outra metade, a canção. E que minha loucura seja perdoada. Porque metade de mim é amor e a outra metade... Também.
Que a força do medo que tenho não me impeça de ver o que anseio. Que a morte de tudo que acredito não me tape os ouvidos e a boca. Porque metade de mim é o que eu grito, mas a outra metade é silêncio. Que a música que eu ouço ao longe seja linda, ainda que triste. Que a mulher que eu amo seja sempre amada, mesmo que distante. Porque metade de mim é partida e a outra metade é saudade. Que as palavras que eu falo não sejam ouvidas como prece nem repetidas com fervor, apenas respeitadas como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimento. Porque metade de mim é o que eu ouço, mas a outra metade é o que calo. Que essa minha vontade de ir embora se transforme na calma e na paz que eu mereço. Que essa tensão que me corroe por dentro seja um dia recompensada. Porque metade de mim é o que eu penso e a outra metade é um vulcão. Que o medo da solidão se afaste, que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável. Que o espelho reflita em meu rosto o doce sorriso que eu me lembro de ter dado na infância. Porque metade de mim é a lembrança do que fui, a outra metade eu não sei... Que não seja preciso mais do que uma simples alegria para me fazer aquietar o espírito. E que o teu silêncio me fale cada vez mais. Porque metade de mim é abrigo, mas a outra metade é cansaço. Que a arte nos aponte uma resposta, mesmo que ela não saiba. E que ninguém a tente complicar porque é preciso simplicidade para fazê-la florescer. Porque metade de mim é a platéia e a outra metade, a canção. E que minha loucura seja perdoada. Porque metade de mim é amor e a outra metade... Também.
Ouvindo: Lost without each other - Hanson
segunda-feira, 14 de janeiro de 2008
Vai, Luma! ser gauche na vida.
Há dias em que eu me sinto tão deslocada. Dias como hoje, por exemplo. Como se estivesse no lugar errado, na hora errada, no corpo errado. Olhar em volta e ver que nada combina de verdade com você, olhar pra frente e não ver nada além de incertezas, espiar o passado e não encontrar nada de muito concreto...Dá um medo e tanto!
Sem muita inspiração. Sem muito otimismo. De vez em quando eu fico assim: chata, sem assunto e sem graça. É a preguiça aliada à angústia noturna. Efeitos colaterais como mau-humor, insônia e sarcasmo automático incluídos no pacote. Um luxo!
Música que não sai da cabeça e do coração:
Ney Matogrosso - Poema Cazuza/ Frejat
Eu hoje tive um pesadelo e levantei atento, a tempo
Eu acordei com medo e procurei no escuro
Alguém com seu carinho e lembrei de um tempo
Porque o passado me traz uma lembrança
Do tempo que eu era criança
E o medo era motivo de choro
Desculpa pra um abraço ou um consolo
Hoje eu acordei com medo mas não chorei
Nem reclamei abrigo
Do escuro eu via um infinito sem presente
Passado ou futuro
Senti um abraço forte, já não era medo
Era uma coisa sua que ficou em mim, que não tem fim
De repente a gente vê que perdeu
Ou está perdendo alguma coisa
Morna e ingênua
Que vai ficando no caminho
Que é escuro e frio mas também bonito
Porque é iluminado
Pela beleza do que aconteceu
Há minutos atrás
Ouvindo: Never say goodbye - Bon Jovi
Sem muita inspiração. Sem muito otimismo. De vez em quando eu fico assim: chata, sem assunto e sem graça. É a preguiça aliada à angústia noturna. Efeitos colaterais como mau-humor, insônia e sarcasmo automático incluídos no pacote. Um luxo!
Música que não sai da cabeça e do coração:
Ney Matogrosso - Poema Cazuza/ Frejat
Eu hoje tive um pesadelo e levantei atento, a tempo
Eu acordei com medo e procurei no escuro
Alguém com seu carinho e lembrei de um tempo
Porque o passado me traz uma lembrança
Do tempo que eu era criança
E o medo era motivo de choro
Desculpa pra um abraço ou um consolo
Hoje eu acordei com medo mas não chorei
Nem reclamei abrigo
Do escuro eu via um infinito sem presente
Passado ou futuro
Senti um abraço forte, já não era medo
Era uma coisa sua que ficou em mim, que não tem fim
De repente a gente vê que perdeu
Ou está perdendo alguma coisa
Morna e ingênua
Que vai ficando no caminho
Que é escuro e frio mas também bonito
Porque é iluminado
Pela beleza do que aconteceu
Há minutos atrás
Ouvindo: Never say goodbye - Bon Jovi
sábado, 12 de janeiro de 2008
Paleontologia comparada
Engraçado como a televisão pode nos oferecer algo produtivo de vez em quando, mesmo que de forma disfarçada. Assistindo pela milésima vez à "Jurassic Park" na globo, meio que naquele estágio dorme-não-dorme, minha percepção nada aguçada da meia-noite captou um diálogo interessante em meio à toda aquela gritaria e ovos de velociraptors. A mocinha da vez, observando as estufas de reprodução artificial, onde dinossauros eram "criados", faz uma pergunta um tanto quanto relevante ao herói da série, cujo nome eu desconheço. Segue o tal diálogo: "- Então é assim que se faz dinossauros?
- Não. É assim que se brinca de Deus."
E não é que essa conversa, aparentemente bobinha, me fez adiar o sono por alguns minutos altamente produtivos!? Intelectualmente falando, porque na verdade, a única coisa que eu fiz foi exercitar os neurônios. Nós gostamos mesmo de brincar de ser Deus. E ele, será que gosta da exibição desses covers mal feitos os quais nos tornamos? Eu não sou a pessoa mais indicada pra falar da existência de um Deus judeu, cristão ou islâmico. Diriam que eu sou mais atea do que crente. O que acontece é que eu ainda não conheço o bastante pra me definir religiosamente. Espiritualmente falando, eu acredito sim na existência de um "Ser Maior". De uma força inicial que controla todo o resto. Será que um descrente total consegue achar todas as explicações de que necessita ,para viver em paz, na ciência dos homens? Acho difícil. Por isso, eu prefiro ter a minha crença pessoal. Uma crença em um Deus tolerante, porém cansado.
Talvez, muito mais em breve do que suspeitamos, recriar dinossauros possa ser possível (ou talvez já seja e ainda não sabemos). Mas seria tolice pensar que somente quando chegarmos à esse estágio Deus ficaria chateado com a brincadeira. Afinal, o que temos feito desde sempre? Brincamos de aniquilar os mais fracos e de extinguir os que nos parecem impuros ou irrelevantes. Cultivamos a morte alheia em campos de concentração de ódio. Colhemos desrespeito nas árvores que fizemos questão de derrubar. Ah! Sinto muito...Vou brincar de outra coisa enquanto eu posso!
Ouvindo: Angra dos Reis - Legião Urbana
- Não. É assim que se brinca de Deus."
E não é que essa conversa, aparentemente bobinha, me fez adiar o sono por alguns minutos altamente produtivos!? Intelectualmente falando, porque na verdade, a única coisa que eu fiz foi exercitar os neurônios. Nós gostamos mesmo de brincar de ser Deus. E ele, será que gosta da exibição desses covers mal feitos os quais nos tornamos? Eu não sou a pessoa mais indicada pra falar da existência de um Deus judeu, cristão ou islâmico. Diriam que eu sou mais atea do que crente. O que acontece é que eu ainda não conheço o bastante pra me definir religiosamente. Espiritualmente falando, eu acredito sim na existência de um "Ser Maior". De uma força inicial que controla todo o resto. Será que um descrente total consegue achar todas as explicações de que necessita ,para viver em paz, na ciência dos homens? Acho difícil. Por isso, eu prefiro ter a minha crença pessoal. Uma crença em um Deus tolerante, porém cansado.
Talvez, muito mais em breve do que suspeitamos, recriar dinossauros possa ser possível (ou talvez já seja e ainda não sabemos). Mas seria tolice pensar que somente quando chegarmos à esse estágio Deus ficaria chateado com a brincadeira. Afinal, o que temos feito desde sempre? Brincamos de aniquilar os mais fracos e de extinguir os que nos parecem impuros ou irrelevantes. Cultivamos a morte alheia em campos de concentração de ódio. Colhemos desrespeito nas árvores que fizemos questão de derrubar. Ah! Sinto muito...Vou brincar de outra coisa enquanto eu posso!
Ouvindo: Angra dos Reis - Legião Urbana
quinta-feira, 10 de janeiro de 2008
"A bússola de ouro"
Ontem eu fui ao cinema. Ótimo filme. Bonitinho a beça. A primeira parte de uma trilogia que promete tirar o sono das criancinhas, e pôr muito adulto pra sonhar de novo. Algo sobre uma bússola de ouro e uma garotinha prodígio. Sim, mais uma! Enfim, o que realmente me chamou a atenção no filme foi o fato de as pessoas possuirem uma alma extra-corpórea materializada na forma de um animal, um "Deamon". Como se cada um, na verdade, fossem dois. Uma personalidade dividida em duas partes. E a mágica fica por conta do relacionamento entre essas duas partes. Apaixonante. Pra quem é sensível às coisas fantásticas da vida, um questionamento e tanto! Pra quem é imune às sutilezas das entrelinhas...Uma bela historinha em três partes. Uma pena!
Ursos polares e feiticeiras à parte, ontem foi um bom dia pra colocar as idéias no lugar. Ou talvez um ótimo dia pra mudá-las de lugar. Por mais que eu me esforce pra enxergar além do óbvio, de alguma maneira acabam me forçando a usar um colírio estranho aos olhos, que não faz nada além de embaçar a visão. É tão confuso! Um passo em falso e pronto: acusações e mais acusações. Julgamentos que ferem de verdade. Palavras que poderiam ser inutilizáveis, declamadas com intensidade venenosa. Meu Deus! É o preço que se paga por tentar ser um pouco melhor? Por tentar dar uma chance à honestidade? Sinceramente, eu me cansei de tantos rótulos dispensáveis. Enquanto inocência for burrice e maldade for algo obrigatório, eu prefiro ser tola e desobediente.
E eu volto a pensar sobre os "Deamons". Se fosse mesmo possível ter uma alma em forma de animal, eu gostaria que a minha fosse um pássaro. Pelo menos assim, parte de mim poderia voar e encontrar a liberdade, finalmente.
Ouvindo: A Princess - Javier Navarrete (O labirinto do fauno)
Ursos polares e feiticeiras à parte, ontem foi um bom dia pra colocar as idéias no lugar. Ou talvez um ótimo dia pra mudá-las de lugar. Por mais que eu me esforce pra enxergar além do óbvio, de alguma maneira acabam me forçando a usar um colírio estranho aos olhos, que não faz nada além de embaçar a visão. É tão confuso! Um passo em falso e pronto: acusações e mais acusações. Julgamentos que ferem de verdade. Palavras que poderiam ser inutilizáveis, declamadas com intensidade venenosa. Meu Deus! É o preço que se paga por tentar ser um pouco melhor? Por tentar dar uma chance à honestidade? Sinceramente, eu me cansei de tantos rótulos dispensáveis. Enquanto inocência for burrice e maldade for algo obrigatório, eu prefiro ser tola e desobediente.
E eu volto a pensar sobre os "Deamons". Se fosse mesmo possível ter uma alma em forma de animal, eu gostaria que a minha fosse um pássaro. Pelo menos assim, parte de mim poderia voar e encontrar a liberdade, finalmente.
Ouvindo: A Princess - Javier Navarrete (O labirinto do fauno)
terça-feira, 8 de janeiro de 2008
I remeeeeeeeber you!
Dormir tarde e acordar cedo. Péssima combinação! Dor de cabeça e mau humor...Típicos. Mas já que eu decidi que isso aqui vai ser bacana, então eu vou fazer um segundo post melhor que o primeiro, apesar de toda a minha marra pós-matinal. São mil coisas as que eu gostaria de postar aqui, mas hoje, definitivamente, eu TENHO que colocar o início de um conto que eu comecei há quase um mês atrás. É algo inacabado, e eu bem sei que coisas inacabadas não devem sair do desconhecido. O que acontece é que eu sinto uma imensa necessidade de escancarar tudo. O bom é que ninguém, ou quase ninguém vai ler isso mesmo...E vai dar na mesma. Anonimato por anonimato, melhor eu escrever enquanto tenho vontade. E não é um bocado de linhas qualquer. Elas fazem algum sentido pra mim...E pra mais uma pessoa. Uma em meio aos seis bilhões que sobrevivem por ai. Lá vai...
Rua 32
1
Aquela, sem dúvidas, fora a travessia mais longa que já fizera. Caminhavam lado a lado, estagnados num silêncio que chegava a ser gritante. Sentia vontade de chorar. Chorava. Sentia vontade de rasgar o peito e entregar a ele, de uma vez por todas, aquele maldito coração que insistia em bater em descompasso. Não conseguia sequer encará-lo. Sentia-se péssima, a pior das criaturas – um exagero permitido em momentos de extrema agonia.
Gostava dele, de fato. Mas não podia negar ao próprio ego a sensação de liberdade e falsa segurança à que estava habituado. Gostava mesmo do seu jeito desleixado e da delicadeza com que a tocava. No entanto, não conseguia esboçar nem mesmo um simples pedido de desculpas por ser tão egocêntrica e egoísta.
Como as palavras permaneciam mergulhadas nas profundezas de sua ignorância afetiva, permanecia calada. E caminhava lentamente em seus pensamentos, acelerando cada vez mais os passos, a fim de acompanhar o desespero evidente de um garoto envolto em desilusões. Ofegante, tentava distinguir as vozes do vento do farfalhar sofrido de dois corações separados por corpos que insistiam na distância como forma de sobrevivência.
Pensou em cessar a caminhada e apertá-lo de uma vez contra a alma. Faltou-lhe coragem. Não era suficientemente adulta para enfrentar as conseqüências que tal ato poderia lhes trazer. Tampouco era criança o bastante para simplesmente ignorá-las. Evitava olhá-lo nos olhos, pois temia encontrar neles as mesmas lágrimas amargas que lavavam seu rosto petrificado.
Não suportava ouvi-lo falar sobre amor, uma vez que não se sentia apta a amar. Desejava poder retribuir todos aqueles meses, semanas, dias, horas e minutos de entrega e dedicação cega. Mas como era incapaz!
Ouvira certa vez em uma canção, que mentir para si mesmo era a pior mentira de todas. E estava certa sobre acreditar naquilo tudo. Agora sabia. Sentia na própria pele que enfrentar a astúcia do coração trazia dores que jamais deixavam de ferir o espírito...
Aliás, essa era uma de suas manias adotadas por insistência pessoal: acreditava sempre no que via ou queria ver. Prontamente, assimilava gestos, falas e sinais. Depois se sentia burra. Odiava a idéia de ter ignorado a possibilidade de uma reavaliação. Palavras nem sempre são ditas para serem ouvidas, e máscaras nem sempre escondem imperfeições.
O ponto é que agora sentia-se arrependida por ter criado uma imagem distorcida de um garoto que apenas tentava, a todo custo, conotar o sofrimento de uma paixão praticamente fantasiosa.
2
Tampouco era dele a culpa pelo desfecho do quase romance. Ia à frente, atordoado e relutante, fingindo uma ilógica força para quem acabara de perder o chão, as esperanças e os sonhos.
Indagava-se a todo instante se teria sido melhor nunca tê-la conhecido, e sinceramente não conseguia chegar à conclusão alguma. Chegara tão perto... Fora capaz de sentir a respiração dela na sua própria, e de confundir seus braços, mãos e cabelos. Por uma fração de segundos ele a possuiu. E a eternidade passara diante de seus olhos negros, refletidos naqueles outros tão amedrontados.
Era tão pequena que cabia em seu abraço. Era tão frágil que cabia em seu alento. Porém, tinha tanta resistência involuntária que era capaz de quebrá-lo em mil pedaços, e de assim espalhá-lo por entre os cômodos vazios de um sonho inacabado.
Tão perto... E agora à distância de alguns centímetros que mais pareciam anos-luz. Não queria tocá-la. Qualquer gesto poderia feri-los mais profundamente. Mas como queria tocá-la! Abafar-lhe o choro, espantar todo o medo e insegurança que ela sentia.
Mal conseguia manter-se erguido sob o orgulho ferido, sob as mentiras que contara durante esses seis meses para si mesmo. Elas iam desmoronando uma a uma, e ele sentia-se tolo por ter depositado inúmeras ilusões em um amor tão vago, tão etéreo... Mas a amava de qualquer maneira, e isso o fazia seguir em frente. Talvez fosse aquele o fim de uma história que por ter começado mal, tinha a obrigação de terminar bem...
Focava-se em pensar que nem tudo era como gostaria que fosse, enquanto passos atrás, ela vinha abraçada à idéia de uma possível reconciliação. Assim que a poeira abaixasse, que o coração acalmasse e que a saudade provasse aos dois que não resistiriam muito tempo separados... Eles iriam se reencontrar (...)
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Aquela, sem dúvidas, fora a travessia mais longa que já fizera. Caminhavam lado a lado, estagnados num silêncio que chegava a ser gritante. Sentia vontade de chorar. Chorava. Sentia vontade de rasgar o peito e entregar a ele, de uma vez por todas, aquele maldito coração que insistia em bater em descompasso. Não conseguia sequer encará-lo. Sentia-se péssima, a pior das criaturas – um exagero permitido em momentos de extrema agonia.
Gostava dele, de fato. Mas não podia negar ao próprio ego a sensação de liberdade e falsa segurança à que estava habituado. Gostava mesmo do seu jeito desleixado e da delicadeza com que a tocava. No entanto, não conseguia esboçar nem mesmo um simples pedido de desculpas por ser tão egocêntrica e egoísta.
Como as palavras permaneciam mergulhadas nas profundezas de sua ignorância afetiva, permanecia calada. E caminhava lentamente em seus pensamentos, acelerando cada vez mais os passos, a fim de acompanhar o desespero evidente de um garoto envolto em desilusões. Ofegante, tentava distinguir as vozes do vento do farfalhar sofrido de dois corações separados por corpos que insistiam na distância como forma de sobrevivência.
Pensou em cessar a caminhada e apertá-lo de uma vez contra a alma. Faltou-lhe coragem. Não era suficientemente adulta para enfrentar as conseqüências que tal ato poderia lhes trazer. Tampouco era criança o bastante para simplesmente ignorá-las. Evitava olhá-lo nos olhos, pois temia encontrar neles as mesmas lágrimas amargas que lavavam seu rosto petrificado.
Não suportava ouvi-lo falar sobre amor, uma vez que não se sentia apta a amar. Desejava poder retribuir todos aqueles meses, semanas, dias, horas e minutos de entrega e dedicação cega. Mas como era incapaz!
Ouvira certa vez em uma canção, que mentir para si mesmo era a pior mentira de todas. E estava certa sobre acreditar naquilo tudo. Agora sabia. Sentia na própria pele que enfrentar a astúcia do coração trazia dores que jamais deixavam de ferir o espírito...
Aliás, essa era uma de suas manias adotadas por insistência pessoal: acreditava sempre no que via ou queria ver. Prontamente, assimilava gestos, falas e sinais. Depois se sentia burra. Odiava a idéia de ter ignorado a possibilidade de uma reavaliação. Palavras nem sempre são ditas para serem ouvidas, e máscaras nem sempre escondem imperfeições.
O ponto é que agora sentia-se arrependida por ter criado uma imagem distorcida de um garoto que apenas tentava, a todo custo, conotar o sofrimento de uma paixão praticamente fantasiosa.
2
Tampouco era dele a culpa pelo desfecho do quase romance. Ia à frente, atordoado e relutante, fingindo uma ilógica força para quem acabara de perder o chão, as esperanças e os sonhos.
Indagava-se a todo instante se teria sido melhor nunca tê-la conhecido, e sinceramente não conseguia chegar à conclusão alguma. Chegara tão perto... Fora capaz de sentir a respiração dela na sua própria, e de confundir seus braços, mãos e cabelos. Por uma fração de segundos ele a possuiu. E a eternidade passara diante de seus olhos negros, refletidos naqueles outros tão amedrontados.
Era tão pequena que cabia em seu abraço. Era tão frágil que cabia em seu alento. Porém, tinha tanta resistência involuntária que era capaz de quebrá-lo em mil pedaços, e de assim espalhá-lo por entre os cômodos vazios de um sonho inacabado.
Tão perto... E agora à distância de alguns centímetros que mais pareciam anos-luz. Não queria tocá-la. Qualquer gesto poderia feri-los mais profundamente. Mas como queria tocá-la! Abafar-lhe o choro, espantar todo o medo e insegurança que ela sentia.
Mal conseguia manter-se erguido sob o orgulho ferido, sob as mentiras que contara durante esses seis meses para si mesmo. Elas iam desmoronando uma a uma, e ele sentia-se tolo por ter depositado inúmeras ilusões em um amor tão vago, tão etéreo... Mas a amava de qualquer maneira, e isso o fazia seguir em frente. Talvez fosse aquele o fim de uma história que por ter começado mal, tinha a obrigação de terminar bem...
Focava-se em pensar que nem tudo era como gostaria que fosse, enquanto passos atrás, ela vinha abraçada à idéia de uma possível reconciliação. Assim que a poeira abaixasse, que o coração acalmasse e que a saudade provasse aos dois que não resistiriam muito tempo separados... Eles iriam se reencontrar (...)
Ouvindo: Hole in my soul - Aerosmith
segunda-feira, 7 de janeiro de 2008
"E no mais fino e doido do seu sentimento pensava: Vou ser feliz!"
Ano novo, vida nova. A mesma conversa de sempre. E como sempre, uma conversa que não leva a nada. Depois de alguns dias de férias forçadas, regadas à muita monotonia e preguiça, resolvi criar este blog. Com uma certa resistência interna, cheguei à conclusão de que não seria tão senso-comum assim escrever um diário virtual. Pode até ser divertido...! Quem não arrisca não petisca! E depois, escrever é uma das minhas paixões. Uma pitada de otimismo cego e... Mãos à obra! Pode até ser divertido...!
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