quarta-feira, 24 de junho de 2009

Hoje!

"Love, I get so lost, sometimes..."

Hoje aconteceu uma coisa engraçada: me peguei pensando na vida ao mesmo tempo em que ria sozinha de uma situação um tanto quanto inesperada. Lá estava eu, ensimesmada em minha rotineira manhã de quarta-feira, na qual eu, geralmente, experimento, de certa forma, uma micro-sensação do que é ser psicólogo, quando um ser desinibidíssimo resolve dar um show à parte. Eu ria por dentro e por fora. Mas não era um riso desdenhoso, daqueles de deboche. Era um riso sincero, entalado (pra não dizer enlatado), que exprimia o meu real estado de espírito naquele momento: eu estava simplesmente feliz por estar ali, presenciando aquela cena, aquela situação que, além de me divertir, estava me soprando aos ouvidos: "é isso o que você deseja pra sua vida?". E meu consciente, que no fundo sempre sabe o que está por debaixo dos panos das minhas idéias, concordava com a parte mais encoberta do meu iceberg: "Sim".
Às quartas pela manhã eu trabalho com idosos com demência de Alzheimer e seus cuidadores. Costuma ser uma atividade bacana, divertida, prazerosa. Um bonbonzinho recheado com oportunidades de aprendizado. Delicioso. Mas hoje foi demais! Uma das cuidadoras resolveu pôr em prática toda a sua desenvoltura e mostrou à nós, estagiários, professores e o restante do grupo de cuidadores, que esse semestre valeu realmente a pena. Ela sintetizou, em alguns minutos repletos de exclamações e gestos cheios de energia, que tudo o que tínhamos insistido em ensinar tinha sido absorvido com louvor. Eu não sabia se dava risada do modo extrovertido que ela se expressava, ou de alegria mesmo. Que puta sensação se dever cumprido! De que o caminho começa a ser traçado. De que eu estou feliz por ter escolhido fazer psicologia e de que, apesar de completamente indecisa sobre as direções, eu estou confiante sobre onde a estrada vai dar. Não importa por onde eu passe, eu vou chegar ao mesmo destino, e isso, pra mim é o que vale.
Semestre quem vem chegam novas pessoas, novas histórias e novos desafios, e eu os aceito de coração aberto. Mas que eu vou sentir falta daquela mulher que, apesar de falar pelos cotovelos, me deu a deixa pra insistir na caminhada.... Ahn! Isso eu vou mesmo!

Um pedacinho da Psico em mim...




Ouvindo: In your eyes - Ben Harper.

sábado, 13 de junho de 2009

Tudo é milagre.

"Me inclino a pensar por meio de imagens, de fábulas, de metáforas, e não por meio de raciocínios."
( Fernando Sabino em "O tabuleiro de damas")

Mais um livro devorado. Mais um turbilhão de pensamentos circundando a minha mente. Que sensação gostosa! Há alguns dias, mais uma vez na incansável procura pelo sono, acabei encontrando um pretexto pra adiar o fechar dos olhos: eu iria escrever sobre a minha incontrolável, incansável, inexplicável paixão pelas palavras. Como a preguiça me dominava, elaborei, apenas mentalmente, um esqueleto para o que seria este post. Muito embora eu já tenha me esquecido desse esboço tão inundado de criatividade pré-sonho, eu me atrevo a descrever esse sentimento tão maravilhoso, que eu tenho nutrido pelos livros e pela escrita, desde tão tenra idade.
Posso me lembrar, como se fosse hoje, da primeira vez que decidi escrever pra valer. Pra valer é modo de dizer, é claro. Acredito que aos oito anos de idade eu não era capaz de perceber o quão importantes aqueles poemas, tão recheados de fantasias e gracinhas infantis, iriam se tornar pra mim. Era apenas o início de uma relação de entendimento mútuo, cego, sincero. Uma relação que a cada dia ia se tornando mais forte e mais verdadeira. A leitura e a escrita foram fincando raízes na minha alma, e me provando que não estavam de passagem. Estavam ali porque deveriam estar, porque ali estavam confortáveis. Era como se estivessem em casa. E de fato estavam.
Não sou capaz de descrever, sem me emocionar, o que eu sinto quando entro em contato com o mundo fantástico das palavras. É como se cada letra, cada fonema e cada sílaba penetrasse em mim e provocasse uma explosão de calor dentro do meu coração. Os batimentos aceleram e vem aquela vontade repentina de me inundar em lágrimas de felicidade. Eu choro mesmo. Pode parecer clichê de novela das oito, mas não é. É real. É intenso. É emoção mesmo, é nãoseioquê mesclado à meuDeusdocéu!
Quando eu me vejo rodeada de livros eu perco a cabeça. Eu quero sair acariciando todos eles da maneira como eles merecem. Quero folhear cada página, passear por cada sentimento impregnado naqueles versos, ler nas entrelinhas o absurdo e o provável escondidos por pura intenção e genialidade. É de enlouquecer.
Escrever também me leva ao paraíso, ao clímax literário. É como se, em uma fração de segundos, junto com as palavras que vão saindo, os medos, as alegrias, as experiências e todo o excesso, o qual insiste em deixar os meus ombros mais pesados, fossem escorregando pra fora de mim, me deixando cada vez mais leve, mais sóbria, mais calma.
Mais do que descrever essa paixão desatinada, eu a vivo todos os dias. Eu a sinto. Eu a respiro.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Then she said goodbye.

Enquanto eu insistir em continuar, o meu instinto nada aguçado para o novo continua a não me avisar dos perigos à frente. Nem ligo. Surpresa até que é legal. Dá aquele friozinho na barriga, o coração acelera, as mãos tremem e a visão embaça.
E depois, pelo que eu saiba, nem sempre o que é novo é ruim, ou perigoso, ou assustador. O novo até que é legal. Ele pode muito bem te fazer sorrir, te acalmar, te fazer perder o chão (mas daquele jeitinho gostoso, que faz a gente querer cair e cair... e cair...), fazer com que tudo, até mesmo uma chuva torrencial quando você não tem um guarda-chuva na bolsa, seja divertido, colorido, bom. O novo pode te fazer dormir como uma criancinha, afastando os seus medos mais absurdos; pode tirar o seu fôlego a cada minuto, e te trazer mais e mais ar a cada segundo; pode te trazer aquela sensação de segurança tão perdida, tão esquecida, tão saudosa. Talvez ele te assuste no primeiro dia, e te encante no segundo, e no terceiro, e no quarto...
Enquanto eu insistir em continuar, o meu instinto nada aguçado para o novo continua a não me avisar dos perigos à frente. Ele me deixa sentir. Me deixa viver esse misto de sensações novas, cujo único perigo aparente é a provável possibilidade de me fazer muito feliz.


Ouvindo: Pan and the full moon - Javier Navarrete