sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Anjinho.

"O amor calcula as horas por meses, e os dias por anos; e cada pequena ausência é uma eternidade."
[John Dryden]


Ontem, véspera de Natal, a terra ficou menos feliz e o céu menos triste. Meu irmãozinho, amigo e companheiro de quatro patinhas sujas foi morder o pé dos anjos. E não há palavras que descrevam essa saudade pouco familiar e esse silêncio que inundou a minha voz de tristeza. Mesmo assim eu vou tentar...
Eu aprendi a aceitar e a respeitar a morte, mas jamais vou aprender a não sentir saudades. A não lembrar do cheirinho de neném, ou de cachorro sujo, dos olhinhos brilhando quando me viam, dos latidos irritantes, dos beijos de bom dia, das gracinhas por um presente, da alegria quando via a coleira, do nervoso quando queria comer, do xixi na minha mala, do ronco quase igual ao do meu pai, da orelhinha em pé a cada barulho diferente, da fome insaciável, dos espirros por atenção, dos carinhos de consolo, dos abraços, das mordidas, da compreensão e dedicação intermináveis, da entrega sem pedidos de recompensa e sem limites, e do amor mais puro que se pode existir.
Ninguém tem o direito de duvidar da existência dos sentimentos desses bichinhos tão inocentes e frágeis. Só quem viveu um grande amor ao lado deles sabe como é verdadeira e intensa essa relaçao, e como ela pode ser genuína e gratificante.
Como lidar agora com um passado que ainda não passou, com um presente que nos machuca e com um futuro que não nos convida a seguir em frente? Como segurar o choro quando voltar pra casa e ver os brinquedos esparramados, e que já faziam parte da decoração, a coleira pendurada esperando pra sempre por um passeio que não vai acontecer, os potinhos de água e de comida que vão permanecer cheios por um tempo sem fim, as camas, travesseiros e almofadas que não serão mais aninhadas, as fotos sem continuação, os cômodos menores pela ausência de afeto, o silêncio que não acaba jamais e as lembranças, que não param de voar pela memória a fim de encontrar um espacinho na realidade que nunca mais vai existir?
O que resta é um sentimento de vazio, de buraco na alma, de falta de alguma coisa que não foi feita pra faltar. O que acalma é a sensação de dever cumprido, de paz de espírito, de amor eterno e jamais etéreo. Nós temos esse costume tolo de, mesmo sabendo que uma hora ela chega, não esperar a morte pra jantar. E, por isso, nunca estamos preparados para servi-la de modo sereno. Acontece que ninguém quer pôr um prato a mais na mesa e depois ser obrigado a conviver com a falta de dois deles. Uma vez que não suportamos a vida, a morte não pode ser de um todo aceita.
A dor uma hora se levanta e vai embora. A saudade vai se sentir em casa pra sempre.
Ontem, dia 24 de dezembro de 2010, véspera de Natal, às 23h40min o nosso anjinho de quatro patas, e com o nariz e a boquinha mais lindos do mundo, foi morar no céu causando-nos uma dor proporcional ao amor que sentimos por ele. Imensa. Intensa. Eterna.

Meu neném, nego véio, vovô nervoso, obrigada por ter me feito mais humana. Eu te amo.


"Talvez a gente esteja no mundo para procurar o amor,
encontrá-lo e perdê-lo, muitas e muitas vezes. Nascemos
de novo a cada amor e, a cada amor que termina, abre-se
uma ferida. Estou cheia de orgulhosas cicatrizes."
[Isabel Allende]

Tatuagem.

Hoje é Natal. Papai Noel mandou entregar esse presentinho...


Tatuei em mim o nome teu.
Ao invés de tinta usei carvão
e o fogo, que não era meu,
pôs em chamas o meu coração...
Então sangrei.

Nem o arco-íris conseguiu
colorir o que escureceu.
Minha pele não cicatrizou,
e a tatuagem desbotou...
Então sangrei.

Quando resolvi eliminar
cada traço que não completei,
o desenho resolveu ficar.
Penetrou em mim até sangrar...
Então sangrei.

Quando resolvi eliminar,
ao invés de tinta usei carvão.
Minha pele não cicatrizou.
Penetrou em mim até sangrar...

Então sangrou.




"Quero ficar no teu corpo
Feito tatuagem
Que é prá te dar coragem
Prá seguir viagem
Quando a noite vem..."
[Tatuagem - Chico Buarque]

sábado, 18 de dezembro de 2010

O que te faz sorrir?

Descobri que minha obsessão por cada coisa em seu lugar, cada assunto em seu tempo, cada palavra em seu estilo, não era o prêmio merecido de uma mente em ordem, mas, pelo contrário, todo um sistema de simulação inventado por mim para ocultar a desordem de minha natureza. Descobri que não sou disciplinado por virtude, e sim como reação contra a minha negligência; que pareço generoso para encobrir minha mesquinhez, que me faço passar por prudente quando na verdade sou desconfiado e sempre penso o pior, que sou conciliador para não sucumbir às minhas cóleras reprimidas, que só sou pontual para que ninguém saiba como pouco me importa o tempo alheio. Descobri, enfim, que o amor não é um estado da alma e sim um signo do Zodíaco.

(Memórias de Minhas Putas Tristes - Gabriel García Márquez)


E eu estou sorrindo agora: just share.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Gostar.

"O amor não poderia morrer, ele não tem fim. Nós que criamos a despedida por não suportar sua longevidade.
(Quantas vezes eu assassinei o amor?)"

[Fabricio Carpinejar]


E quantas vezes eu insisti na reanimação, em ligar pra ambulância ou nas rezas de todos os santos?
E quantas vezes eu me permiti, me entreguei, me desvendei e acabei por me despedaçar (pra depois sair por ai juntando os pedacinhos, sem reclamar da minha má sorte)?
E quantas vezes eu falei por um olhar, um abraço, um sorriso (pelas sutilezas do romance que se perdem com o tempo)?
E quantas noites eu não zelei pela dúvida pra acordar feliz ao lado da certeza mais gostosa do mundo?
E quantos cheiros, sussurros e sabores eu não experimentei de cara amarrada (e depois acabei me acostumando a sentir o doce que é compartilhar os temperos do dia-a-dia)?
E quantas foram as tentativas frustradas de falar o que eu sentia (até que finalmente eu me libertasse das amarras que seguravam o meu coração)?
E quanto tempo eu não passei desejando caminhar lado a lado, sem poder falar, nem ouvir, nem ver, só sentir (pra depois descobrir que desejar não é menos suficiente do que agir)?

O inato é duvidoso há séculos. Pra saber fazer nós devemos tentar fazer, e só. Mas tentar de coração aberto, com vontade, empenho e pé no chão.
As dúvidas nos abrem portas quando conseguimos desvendá-las, e não quando insistimos em tê-las como companhia. Sonhar é essencial, mas viver é respirar. Duvidar é procurar o caminho, mas acreditar é já estar caminhando. Errar é aprendizado, mas acertar é conclusão. Fugir é se afastar dos medos, mas enfrentar é eliminá-los. Experimentar é buscar prazer, mas fincar raízes é sentir prazer.

Construir algo ao lado de alguém é compartilhar, é multiplicar, é arriscar. É não precisar olhar para o lado, simplesmente por saber que a pessoa vai estar ali... Sempre.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Condicional.

O que eu sou é apenas o que eu me tornei a cada instante. E eu nunca vou deixar de olhar nos meus próprios olhos e dizer o quanto eu não quis ser assim. E eu nunca vou deixar de me orgulhar por ter brigado comigo mesma pra conseguir me libertar das minhas vaidades, das minhas amarras e dos meus despropósitos. Eu nunca vou deixar de bisbilhotar o passado em busca de respostas que eu já tenho, mas que escondi muito bem na minha história. Eu nunca vou deixar que os males não me afetem, pois são eles que me enchem de cicatrizes e lembranças. Eu nunca vou deixar que me decifrem, pois seria como tirar o meu prazer de contar a que eu vim. Eu nunca vou deixar de escrever os meus pensamentos e de tentar ler os alheios. Eu nunca vou deixar de me sentir viva, muito embora às vezes eu me sinta fragmentada e à beira da morte. Eu nunca vou deixar de me sentir cega frente ao que não me agrada, mesmo que isso acabe por me custar a visão sã. Eu nunca vou deixar de acreditar nos contos de fada que eu criei, e porque criei vou levá-los até o fim. Eu nunca vou deixar de respirar o ar que a mim foi destinado, pois eu não seria eu mesma se negasse a minha gratidão. Eu nunca vou deixar que me sobre tempo, pois desperdiçar é não ser consciente do seu papel na existência. Eu nunca vou deixar que me obriguem a sofrer, pois isso eu faço com o coração aberto, e de acordo com a demanda. Eu nunca vou deixar de amar o que for fruto da minha eternidade. Eu nunca vou deixar de inspirar quem me pedir socorro. Eu jamais vou abrir mão de ser o que eu não quis me tornar. É o meu destino, e eu o abraço com toda a força, toda a serenidade, toda a paixão que existe dentro de mim...
E se um dia, por acaso, perguntarem se eu sou a mesma pessoa de sempre, eu vou responder que nunca deixarei de mudar.



"Talvez eu me ache delicada demais apenas porque não cometi os meus crimes. Só porque contive os meus crimes, eu me acho de amor inocente. Talvez eu não possa olhar o rato enquanto não olhar sem lividez esta minha alma que é apenas contida. Talvez eu tenha que chamar de “mundo” esse meu modo de ser um pouco de tudo. Como posso amar a grandeza do mundo se não posso amar o tamanho de minha natureza? Enquanto eu imaginar que “Deus” é bom só porque eu sou ruim, não estarei amando a nada: será apenas o meu modo de me acusar. Eu, que sem nem ao menos ter me percorrido toda, já escolhi amar o meu contrário, e ao meu contrário quero chamar de Deus. Eu, que jamais me habituarei a mim, estava querendo que o mundo não me escandalizasse. Porque eu, que de mim só consegui foi me submeter a mim mesma, pois sou tão mais inexorável do que eu, eu estava querendo me compensar de mim mesma com uma terra menos violenta que eu. Porque enquanto eu amar a um Deus só porque não me quero, serei um dado marcado, e o jogo de minha vida maior não se fará. Enquanto eu inventar Deus, Ele não existe."

(Clarice Lispector em Felicidade Clandestina)

domingo, 7 de novembro de 2010

O intervalo

Pé ante pé.
Vou deslizando e caio na contramão.
Eu ouço passos que não tocam o chão.
Devo estar enlouquecendo,
vai vendo.
Meu coração
deixei em casa e não tranquei o portão,
na esperança de um dia, então,
você voltar correndo.

Não vou me mudar.
Estou de saída mas pretendo voltar.
A minha vida que parou de passar,
eu entreguei ao tempo.
Me lembro
de respirar.
Mas me esqueço sempre de apagar
o seu sorriso que insisti em guardar
dentro do pensamento.

O quanto cantei
aquela música que fiz pra você,
perdi as contas e não quis mais saber
de nada nesse mundo.
Eu juro
vou te esperar
lavar a roupa e esquentar o jantar,
pra quando o dia finalmente chegar,
te perdoar por tudo.




Sétimo Andar - Los Hermanos

'Fiz aquele anúncio e ninguém viu
Pus em quase todo lugar
A foto mais bonita que eu fiz
Você olhando pra mim

Alto aqui do sétimo andar
Longe eu via você
A luz desperdiçada de manhã
No copo de café

Deus sabe o que eu quis foi te proteger
Do perigo maior que é você
E eu sei que parece o que não se diz
Pro seu caso é o tempo passar
(Quem fala é o doutor)

Parece que foi ontem que eu fiz
Aquele chá de habu
Pra te curar da tosse e do chulé
Pra te botar de pé

E foi difícil ter que te levar àquele lugar
Como é que hoje se diz
Você não quis ficar
Os poucos que viram você aqui
Me disseram que mal você não faz
E se eu numa esquina qualquer te vir
Será que você vai fugir?

Se você for eu vou correr...
Se for, eu vou...'

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Pergaminho.

O que a vida tem de mais engraçado não está no palhaço, nas piadas ou nas crônicas do Veríssimo.
O que a vida tem de mais misterioso não está no mágico, nas fábulas ou no mito da criação.
O que a vida tem de mais romântico não está nos amantes, na poesia ou em Romeu e Julieta.
O que a vida tem de mais fantástico é que ela é uma obra em branco pronta para ser preenchida com a nossa própria história.

E nunca é cedo demais para acrescentar a próxima linha. Assim como nunca é tarde demais para a primeira palavra.

Inspire-se.
Gaste a ponta do lápis.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Um brinde aos idiotas.

Quero prestar, de uma vez por todas e definitivamente, a minha sutil homenagem a todos os imbecis que se julgam inteligentes por enganarem a si mesmos com a intenção de enganar outras pessoas. Uma salva de palmas, por favor.
É no mínimo inapropriado construir pontes imaginárias ao invés de pontes de concreto, e por isso eu afirmo com toda convicção que os idiotas são seres inapropriados. Ninguém nesse mundo consegue se esconder dos problemas e sumir frente aos inimigos, a não ser que você tenha uma capa da invisibilidade à la Harry Potter, o que seria, convenhamos, mais uma vez inapropriado (além de idiota). Como eu já disse algumas vezes, não enfrentar os desafios que nos são impostos não faz com que sejamos espertos ou cautelosos, mas sim covardes e imaturos. Cada dia é novo exatamente pra ser superado, senão poderíamos ter 365 dias iguais por ano, não faria a menor diferença. Então eu reforço o meu pensamento: não dá pra ir à luta fantasiado de aliado, pois quem acabará perdendo a guerra será você mesmo. Não dá pra depositar seus sonhos mais íntimos em alguém senão em você, pois, no final das contas, ver outra pessoa adquirindo algo que sempre foi seu de direito não vai lhe satisfazer por completo. Não dá pra alugar o seu coração a preço de banana a cada nova estação visando um lucro futuro, e não dá pra substituir uma pessoa por outra sem fazer estragos a longo prazo, porque se há algo de valor incalculável no universo, sem dúvidas, é o sentimento que temos por alguém. Tapar o sol com a peneira é insensato. Amar por transferência é inaceitável. Experimentar sem vontade é burrice. Trocar sem necessidade é desperdício. Acreditar sem fé é ilusão. Viver o novo às custas do velho é idiotice... E vivam os idiotas, aqueles que mentem pra eles mesmos e ainda riem da própria desgraça. Mais um brinde e "tim tim".


"O maior prazer de um homem inteligente é bancar o idiota diante do idiota que quer bancar o inteligente." (Confúcio)


Fica a dica!

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Retrato.

Há alguns anos atrás escrevi algo sobre as impressões que eu tinha sobre mim mesma. Ou o tempo é cíclico ou eu sou quem sempre vou ser. Não sei, não sei...

Exatamente aquela que nada contra a corrente só pra exercitar.
Que acredita que os sonhos são tão possíveis quanto necessários, ou seja, indispensáveis.
A menina dos olhos dela mesma.
O final doce de um começo amargo.
Aquela que escolheu parecer... E ser.
Exaustivamente ambígua e dissimulada quando quer.
Irredutível e teimosa quando NÃO quer.
A mulher que quis se tornar.
A menina que não quis deixar de ser.
Perceptível a olho nu.
Delicada como um rinoceronte.
Objetiva como um eufemismo.
Extravagante como uma catarse.
Em eterna construção...
Um caráter de concreto.
A garota das retóricas, dos amigos e dos amores.
A meiguice disfarçada e a loucura evidente.
Gigante pela própria natureza e apaixonada pelas artes...
Uma menina encantadora, sem dúvida.

Só posso complementar que o 'encantadora' não é critério de exclusão. E tenho dito.

"Nasci dura, heróica, solitária e em pé. E encontrei meu contraponto na paisagem sem pitoresco e sem beleza. A feiúra é o meu estandarte de guerra. Eu amo o feio com um amor de igual para igual. E desafio a morte. Eu - eu sou a minha própria morte. E ninguém vai mais longe. O que há de bárbaro em mim procura o bárbaro e cruel fora de mim. Vejo em claros e escuros os rostos das pessoas que vacilam às chamas da fogueira. Sou uma árvore que arde com duro prazer. Só uma doçura me possui: a conivência com o mundo. Eu amo a minha cruz, a que doloridamente carrego. É o mínimo que posso fazer de minha vida: aceitar comiseravelmente o sacrifício da noite." (Ahn, Clarice)

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Sweetheart...

Pensei em escrever sobre várias coisas hoje, mas acabei me rendendo ao assunto mais difícil (aquele que me rende mais inspiração e, consequentemente, linhas). Vamos lá, que levantem as mãos aqueles que já se apaixonaram uma, duas ou quinze vezes na vida! Não importa, se apaixonar é novo e deslumbrante a cada diferente explosão de sensações. Já cheguei a pensar que amores são únicos e insubstituíveis, e que não há como gostar pra valer de mais de uma pessoa nesta vida. É engraçado como mudamos de opinião de tempos em tempos. Na verdade, é maravilhoso poder rever conceitos e atitudes passadas. Eu não me importo nem um pouco de ter que mudar de idéia às vezes, aliás eu penso que isso é uma das grandes dádivas que nós temos. Não creio que seja bacana ser uma pessoa contraditória, mas não vejo problema algum em se contradizer de vez em quando, desde que a palavra atual seja verdadeira para o momento em que se vive. Eu não tenho nenhum compromisso com o erro, não tenho medo de errar. E também não acho que as decisões devem sempre ser acertadas, pois cometer deslizes abre as portas para que possamos aprender, bem como para que repensemos nossas atitudes anteriores. Claro que não dá pra sair por ai ferindo todo mundo e depois voltar arrependido, dizendo que aprendeu muito com a situação, e que agora consegue compreender onde reside a falha. No entanto, quando falamos em amores mal resolvidos e corações em descompasso há sempre a possibilidade de reabilitação. Eu acredito sim, que possamos perdoar e reaprender a gostar de quem nos magoou, ou que possamos deixar de viver uma paixão intensa e encontrar um novo alguém. Não há a necessidade de comparação entre os vários amores que já tivemos, há a necessidade de entender que todos tiveram, cada um à sua maneira, a devida importância em nossa história. Continuo acreditando em amor à primeira vista, em conjunção estelar e almas que se completam mas, no momento, isso não me faz ser descrente em amor à segunda vista, em acaso e em várias almas complementares no decorrer de nossas vidas. Amores eternos existem sim, e eu não falo só de amores parentais, fraternais ou aqueles que sentimos por um amigo durante séculos. Tenho pra mim, que o amor entre um homem e uma mulher pode se estender durante toda a eternidade, o que não diminui a possibilidade de que, inevitavelmente, outros muitos amores eternos possam acontecer. Todas as pessoas que passam por nós deixam marcas. Algumas delas nos deixam lembranças lindas, porque nos cativaram e completaram um dia, enquanto outras nos fazem lembrar de como é sentir dor. E é naquelas pessoas, que nos deixaram as saudades gostosas do passado, que eu penso quando digo que existem amores eternos. Você pode não estar vivendo em um presente conjunto com esse alguém, mas ele lhe intensificou tanto um dia, que faz parte das boas recordações que você guarda no hoje, e, de tal modo, esse alguém será sempre eterno pra você. Aonde quer que eu esteja, meus amores eternos me acompanham. Carrego cada um deles em um pedacinho especial do meu coração, e isso não me impede de amar novamente. Na verdade, só me lembra de como eu posso ser capaz de me apaixonar e de viver, de um modo único e lindo, um novo amor.


"No final das contas não adianta reclamar, certas coisas ocorrem porque a gente permite."
Permita-se. Planeje se surpreender por algo novo, ou por algo antigo que resolveu se tornar atual.

sábado, 10 de julho de 2010

Enraizado.

Eu tenho a impressão de que eu nunca li tanto a página anterior da minha história. Não que eu esteja presa na mesmice do ontem, mas as lembranças têm se tornado tão frequentes que eu já posso chamá-las pelo apelido. Pra ser (terrivelmente) sincera, eu não sei se isso é bom ou se é ruim. Se por um lado eu me encho de esperanças pela possibilidade do reencontro com uma antiga releitura de mim mesma, por outro eu sou toda medo pois, querendo ou não, há a chance de eu ser surpreendida por um pacote de recordações vazias. De qualquer forma, é interessante reviver sentimentos que andavam guardados na gaveta. Culpa desse eterno vai e vem de tendências que não deixa o meu modo estranho de gostar cair de moda.

domingo, 13 de junho de 2010

POR VOCÊ, FARIA ISSO MIL VEZES.

Eu me atrevo a acreditar em destino, em conjunção estelar, em amor eterno e almas que se completam. Me atrevo, pois ser crente em coisas desse tipo pode fazer com que, ao mesmo tempo, alegria e tristeza sejam extremas, intensas e muitas vezes incontroláveis. Você se sente a pessoa mais feliz do mundo e, de repente, você se torna o mais miserável dos seres humanos. Tudo bem, é a escolha de cada um de nós. Às vezes eu fico vulnerável às peculiaridades do caminho. Me recuso a aceitar que as pedras escondem a paisagem linda que vem logo em seguida. Mas eu continuo. Ora caída, ora de pé, sempre em direção ao meu norte, que por ironia do destino (ou não), desta vez se encontra mais ao sul do que a qualquer outra direção. Mas se é destino não importa. Ficou pra trás mas me alcança, está dormindo mas acorda, machuca mas um dia curará. Eu não me canso de pensar que o que está feito está feito e pronto. Tenho pra mim que o que é meu está guardado, e fui eu mesma quem guardou. Guardei no coração, na alma, na lembrança. E assim que chegar a hora eu mesma vou ser capaz de desembrulhar o pacote, sem a ajuda de ninguém, só com a minha fé. Começo a ver que realmente eu não estou pronta. Não agora, nesse minuto. Mas eu acredito, de uma forma incrivelmente forte, que eu estarei, que eu apenas adiantei o meu destino, e não o perdi pra sempre. Bastará desacelerar um pouco, atrasar os relógios, esperar o momento certo.
Como se um novo muro de Berlin tivesse se erguido em torno do meu coração e separado o antes e o depois do meu achado, eu me divido entre o que aconteceu e o que de mais maravilhoso ainda está por vir. E eu apenas continuo. Continuo a escrever pelo mesmo motivo. Eu sou movida por um combustível tão produtivo quanto o fóssil, mas muito, muito mais renovável. Mais do que isso, um combustível sem fim: eu sou movida pelo amor (o mesmo que eu senti na primeira vez, e o mesmo que eu vou sentir até o meu último suspiro de vida).



"- Quanto tempo demora? - perguntou ele. - Não sei. Um pouco. Sohrab deu de ombros e voltou a sorrir, desta vez era um sorriso mais largo. - Não tem importância. Posso esperar. É que nem maçã ácida. - Maçã ácida? - Um dia, quando eu era bem pequenininho mesmo, trepei em uma árvore e comi uma daquelas maçãs verdes, ácidas. Minha barriga inchou e ficou dura feito um tambor. Doeu à beça. A mãe disse que, se eu tivesse esperado as maçãs amadurecerem, não teria ficado doente. Agora, quando quero alguma coisa de verdade tento lembrar do que ela disse sobre as maçãs."
(O caçador de pipas)

terça-feira, 4 de maio de 2010

deep down.

'você é como um sonho pra mim'

por favor, por favor, por favor, Deus! Faça com que eu durma pra sempre pra que assim você seja meu de novo. =/

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Desejo.

Eu gostaria de ser ouvida, vista, lida... Decifrada. Eu gostaria de ser um canal aberto de comunicação comigo mesma e com o mundo lá fora. Mais do que isso, gostaria de manter contato direto com o interior das pessoas, tocar no coração, falar diretamente com a alma alheia. Quem sabe assim eu poderia chegar no lugar mais frio e distante de que eu tenho conhecimento. Quem sabe assim eu não chegaria até você, que hoje é mais feito de pedra do que de ossos, de lágrimas do que de sangue, mais resistência do que coração... É. eu gostaria de ser como o vento que chega, quase que num passe de mágica, a qualquer um desses lugares impossíveis de se chegar.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Caraca!

Caraca, eu só posso estar enlouquecendo! De uma hora pra outra parece que tudo mudou de lugar, e no lugar do coração eu sinto uma bomba-relógio prester a explodir de tanto êxtase! Fora de órbita, fora de série, fora de mim? Não... Eu acho que estou de volta. Vou dar as boas vindas a mim mesma e já volto!


Ouvindo: Drug of choice - Alice in chains.

domingo, 25 de abril de 2010

NOM!

Antes se guiar por uma certeza negativa do que viver esperançosa na dúvida. Às vezes um não na lata tem mais poder transformador do que um talvez fantasiado de vovozinha.
Chegou a hora de descalar. Hoje eu abro a boca pra dizer o quão feliz eu estou por finalmente ter algum concreto embaixo dos meus pés, mesmo que seja meio-dia e eu esteja descalça.
Como Hamlet sugere sabiamente, "Quem sabe que sonhos virão?".




Ouvindo: If you only Knew - Maroon 5.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Eu.

Eu que sempre soube o que dizer, onde dizer e quando dizer...
Eu que sempre soube o que fazer, como fazer e porque fazer...
Eu que sempre soube onde estava e com quem estava...
Eu que sempre soube aonde ir, pra onde fugir e porque me esconder se necessário fosse...
Eu que sempre soube chorar de rir e rir pra não chorar...
Eu que sempre soube o que sentir e o que não deixar entrar no meu coração...
Eu que sempre soube ser quente no frio e fria no verão...
Eu que sempre pisei somente em terras firmes...
Eu que sempre fiz o que quis, e se não quis acabei não fazendo...
Eu que sempre lutei contra os meus inimigos e saudei os meus amigos...
Eu que sempre ponderei as palavras...
Eu que sempre controlei a minha dor...
Eu que sempre me mostrei forte ou fraquejei diante do meu cansaço...
Eu que sempre procurei extremos e hesitei ao tremer frente a eles...
Eu que sempre me curvei diante do grande, mas mantive meu olhar alto...
Eu que sempre consegui o que queria...
Eu que sempre comecei do zero...
Eu que sempre almejei o topo...

Hoje me calo, por simplesmente não ter outra saída a não ser me calar.


"All this feels strange and untrue
And I won't waste a minute without you
My bones ache, my skin feels cold
And I'm getting so tired and so old"

domingo, 28 de março de 2010

won't you save me?

O mundo, definitivamente, não precisa de mais heróis.

domingo, 21 de março de 2010

Silêncio.

Tudo o que eu tenho pra dizer se reduz ao nada. Silêncio de um coração em descompasso. Gritos vazios de voz.
Tem dias em que ficar calado é o melhor que se pode fazer, e fazendo o meu melhor eu consigo decifrar os sinais mudos que o tempo insiste em manter longe dos meus ouvidos.
Pior do que viver na escuridão é viver no silêncio, pois enquanto na falta de luz tudo parece se esconder de nós, na quietude tudo parece se mostrar. O silêncio nos mostra muitas verdades que, insistentemente, negamos. E é ai que tudo se reduz a nada. Pois nada é pior do que perceber que fomos enganados por quem menos esperávamos ser: nós mesmos.


"That what you fear the most could meet you halfway"

domingo, 14 de março de 2010

É...

Não sei se dou risada ou caio no choro. É... E levanta a plaquinha daquele pessoal sempre otimista nas tardes de domingo: "eu já sabia!". Tanto sabia que briguei, relutei e me virei do avesso pra não me entregar. Mas não adianta, quando a gente confia em um sentimento, mesmo fingindo que não, acaba perdendo o senso do ridículo. Que ridículo se apaixonar! É... E vou seguindo em frente, porque quem pára no meio do caminho não só fica parado como também é arrastado pra trás. E eu quero no mínimo ir muito pra frente. No regrets war is over. Bobagem, bobagem! Nada termina enquanto não acaba... E pra mim ainda não acabou, porque eu não me entrego sem lutar. O meu coração ainda bate, e se alguém tiver que cair, que seja o inimigo. Bobagem, bobagem! Não há inimigos nessa história. Mas há muita história pra se contar, e mais ainda pra ser escrita e, por consequência, contada. Que ridículo não se apaixonar! É... Só posso dizer que ridícula ou não, eu me intensifiquei. E de tão intensa que hoje eu sou, decidi fechar as portas pra um balanço de estoque. Pronto: fechada (e não é fachada).
É quando a gente perde algo de muito valor que começa a procurar as riquezas antes escondidas a sete chaves. Assim que eu conseguir encontrar essas riquezas, procuro pelo que acabei de perder. Deixar de procurar por um tempo, às vezes, é o melhor jeito para encontrar depois (e isso não serve só pra coisas, mas principalmente pra um grande amor).


Confusa, porém concisa. Morta, porém viva. Sem muitas esperanças, mas totalmente crente em um amanhã melhor!



'Tu eras também uma pequena folha
que tremia no meu peito.
O vento da vida pôs-te ali.
A princípio não te vi: não soube
que ias comigo,
até que as tuas raízes
atravessaram o meu peito,
se uniram aos fios do meu sangue,
falaram pela minha boca,
floresceram comigo.'

(Pablo Neruda)

sábado, 6 de março de 2010

Eles.

'Ela não é assim. Ela esteve assim. E porque esteve assim, hoje ela é do tamanho do mundo'

Ele

Não sabia o que sentir. Agora se questionava também sobre o que um dia sentira. Eram tantos os porquês que simplesmente não ousava sequer tentar respondê-los. Como estava sofrendo! Como doía! Será que ela estava sentindo o mesmo? Era a coisa certa a fazer? Certo ou errado, era o que deveria ser feito. E estava feito, ponto final. Não via outra alternativa senão deixá-la, ou deixar-se ir. Como haviam chegado àquele ponto? Tanto amor não fora suficiente? Qual era o seu problema afinal? Tratava-a como um anjo, como uma princesa. Amava-a como uma mulher. Tantos mimos, carinhos e promessas não podiam ter sido em vão, simplesmente não podiam ter se perdido assim, por motivo tão incoerente, encoberto, incerto. O fato é que agora ela era uma sombra, uma nuvem de recordações que pareciam tão distantes como as estrelas. Não sabia se ouvia o coração ou a razão, quando, em conflito direto, as lembranças boas e as ruins apareciam como um flash em sua frente, trazendo à tona as abundantes lágrimas e as intermináveis gargalhadas. Ela era engraçada, disso se lembrava o tempo todo. Não tinha idéia do quão bonita e especial ela podia ser se quisesse. Mas ela não quis. Ela se fechou pra ela mesma, e acabou se fechando pra ele. Havia ele falhado? Não... Todos lhe diziam que não. Mas seu coração, ainda em dúvida, não sabia dizer ao certo se ele poderia ter ido além, além de tudo que existe pra trazer o brilho de volta àqueles olhos que um dia foram tão cheios de vida. E o que ia fazer agora? Tudo remetia a ela. Até então estava indo muito bem. Tinha uma família linda, e amigos que não iam deixar com que caísse. Não a veria com facilidade, é fato. Mas será que era isso o que realmente queria? Apagar, esconder, deixar pra trás um amor tão puro, tão lindo e que durante todo esse tempo fora tão cheio de sonhos? O tempo... O tempo curaria. Mas talvez o tempo a levasse pra longe, pra um lugar fora do alcance do seu abraço, e isso soava como um pedido pra que não respirasse. Droga! Por que ela tinha que ter destruído tudo? Por que ela havia dito palavras tão duras? Por que atitudes tão baixas, tão devastadoras? Que monstro ela fora aos olhos dele. Como alguém antes tão pequena e indefesa podia ter se transformado naquilo, naquele ser que não podia ser considerado humano, naquele ser sem amor, sem consideração, sem caráter. Estava muito ferido, e essa era sua única certeza naquele momento. Ou será que ainda a amava, queria amar e amaria a ponto de perdoar, de se redimir frente a si mesmo, de passar por cima de todo o orgulho ferido e começar mais uma vez, quase do zero, a ser mais do que um... a ser apenas um ao lado dela e junto com ela?


Ela

Estava caminhando melhor. Muito embora ainda estivesse muito assustada, ela já conseguia pensar com mais clareza, acordar com menos dor, menos culpa. Mesmo assim, de tempos em tempos sentia uma vontade arrebatadora de chorar. Às vezes segurava, às vezes chorava até perder de vista o tempo. Tempo. Era o que todos lhe diziam que curaria as feridas agora expostas. Mas custava cada gota de seu sangue, cada migalha de sua esperança e cada sopro de vida que tinha, esperar por um tempo distante, por um destino incerto e pela cura de uma dor que parecia incurável. Já havia se culpado e crucificado de todas as maneiras possíveis, no entanto, começava a aceitar que todas as pessoas estão sujeitas ao erro, e todo ser humano é passível de um momento de devaneio, de loucura, de subversão. E através dessa aceitação que vinha pensando em trejeitos para seguir em frente, para se recompor por ela mesma. Não sabia por quanto tempo tinha estado em outro lugar, sido outra pessoa. Sabia, porém, que ao lado dele ela tinha sido verdadeiramente feliz. Tinha se desviado do caminho, se perdido em meio a tantas inseguranças, mas estava disposta a encontrar novamente a trilha em que sua felicidade caminhava ao lado da dele. Estava decidida a tomar as rédeas da sua vida, de uma vez por todas, como uma pessoa adulta e segura. Ela o amava mais que tudo, mas sentia que seu amor fora falho e dera brechas para uma possibilidade amarga, a possibilidade de perdê-lo. Era humana. Apesar de tudo que fora capaz de fazer e dizer, sentia-se mais humana do que nunca. Mais próxima de si mesma, mais próxima daquele que era o menino dos seus olhos, o homem que escolhera para entregar a sua vida, a pessoa que a conhecia como nenhuma outra neste mundo, daquele que ela costumava, carinhosamente, chamar de seu nenê. Fora extremista. Precisara chegar ao fundo do poço para perceber que estava caindo. Caindo do terreno plano, sólido e a prova de quedas que era o sentimento que eles haviam construído juntos. Tudo parecia mais claro. Entendia que tudo o que tinha sentido, todo o ciúme infundado e toda a mágoa ressentida partiam da sua falta de amor próprio, que por sua vez derivava da distorção de sua auto-imagem. Todos tentavam convencê-la do contrário. Arduamente, ele, mais do que ninguém, se empenhara em fazer com que ela se sentisse a menina mais especial do mundo, o que de fato, era o que ela era. Mas ela estava cega apesar de ver. Estava surda apesar de ouvir. Estava doente apesar da boa aparência. Hoje era mais forte. Hoje já não era tão jovem e tola quanto ontem. Hoje ela se amava mais, e porque se amava mais, amava-o com mais força, mais confiança, mais certeza. Talvez o estrago já estivesse feito, mas não ousava desistir. Ferira a pessoa mais linda frente aos seus olhos, a que amava com tanto coração que perdia os sentidos. E o que não é melhor alvo para se ferir senão o grande amor da nossa vida? É à ele que dedicamos noites, cartas, músicas e toda gama de sentimentos do mundo, que por serem tão abundantes e intensos acabam se confundindo e se mesclando em amor e ódio. Machucara o amor da sua vida. Sabia que tinha tocado fundo em sua alma, mas sabia também que em tantas outras vezes havia o tocado com tanto carinho e paz, que não existia a possibilidade de reducionismos. Ela tinha o magoado profundamente, mas tinha o amado ainda mais e gostava de acreditar que a sementinha de amor que havia plantado nele dia a dia, durante esses meses que pareciam anos, era a única coisa capaz de se tornar antídoto contra esse veneno que se instalava agora em seu coração. Ela queria e iria reconquistar a sua confiança e a sua admiração. Pois todo o amor que os dois haviam construído, toda a magia que sentiam, toda a alegria estampada no rosto não podiam se desfazer com o vento. Ela esteve brigada consigo mesma, mas ela não é assim. Ela deixou que o passado e o desconhecido a levassem pra longe, mas ela não é assim. Ela o amou, o ama e vai o amar eternamente, e é assim que ela é.



"Mesmo que eu persista, mesmo que eu corra, mesmo que eu mantenha esta euforia correndo pelas veias...
Mesmo que eu desista, mesmo que eu páre, mesmo que eu desligue os motores...
Mesmo que eu insista em sonhar, mesmo que eu faça o bem, mesmo que eu idealize os sentimentos...
Mesmo que eu não tenha mais aspirações, mesmo que eu cause dor, mesmo que eu me torne apática...
Mesmo que o tempo voe, mesmo que o relógio quebre.
Mesmo que o mundo acabe, mesmo que a esperança se renove.
Mesmo que eu não seja mais eu.
Mesmo que você não seja mais você.
Mesmo que o chão seja céu, e o céu seja ilusão.
Mesmo que mude. Mesmo que não mude.
É sempre amor. É sempre igual."


sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Exprimindo.

Infelizmente ou infelizmente, algumas pessoas ainda se contentam com o que podem receber de alguém. E qual é o problema real disso? Na verdade, quando tudo o que se tem é o que te dão, você se instala e fixa raízes em um lugar cuja escapatória é bastante díficil de acontecer: o comodismo. Você fecha as portas pra que algo bom te aconteça e se minimiza e vitimiza. A culpa do fracasso pessoal que segue tal posicionamento, na maioria das vezes, não é de mais ninguém senão sua. Você se torna incapaz de desejar algo que seja produto do seu próprio esforço, e mantém o foco em pedir, mendigar, implorar sonhos alheios. Nada nesse mundo tem um sabor tão doce quanto uma conquista suada e exclusivamente sua. E nada tem um sabor tão amargo quanto a derrota mascarada de vitória. Então é melhor se mexer, se arriscar e querer melhorar sempre. Tudo que vem fácil se dissipa com a mesma facilidade. Esforço e boa vontade não significam, necessariamente, podium ou riqueza. Mas significam que você tentou, deu a cara a tapa e é digno de todo e qualquer merecimento posterior, e tal merecimento, mesmo que atrasado, chega com um gosto tão doce, mas tão doce, que é capaz de adocicar a sua vida pra sempre.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

sonho.

sabe como é, sabe como dói...
cabeça vazia oficina da memória.
tanta coisa por fazer, tanta coisa pra lembrar.
saudade eterna, gratidão eterna, sentimento etéreo: se perte com o vento.