segunda-feira, 19 de julho de 2010

Retrato.

Há alguns anos atrás escrevi algo sobre as impressões que eu tinha sobre mim mesma. Ou o tempo é cíclico ou eu sou quem sempre vou ser. Não sei, não sei...

Exatamente aquela que nada contra a corrente só pra exercitar.
Que acredita que os sonhos são tão possíveis quanto necessários, ou seja, indispensáveis.
A menina dos olhos dela mesma.
O final doce de um começo amargo.
Aquela que escolheu parecer... E ser.
Exaustivamente ambígua e dissimulada quando quer.
Irredutível e teimosa quando NÃO quer.
A mulher que quis se tornar.
A menina que não quis deixar de ser.
Perceptível a olho nu.
Delicada como um rinoceronte.
Objetiva como um eufemismo.
Extravagante como uma catarse.
Em eterna construção...
Um caráter de concreto.
A garota das retóricas, dos amigos e dos amores.
A meiguice disfarçada e a loucura evidente.
Gigante pela própria natureza e apaixonada pelas artes...
Uma menina encantadora, sem dúvida.

Só posso complementar que o 'encantadora' não é critério de exclusão. E tenho dito.

"Nasci dura, heróica, solitária e em pé. E encontrei meu contraponto na paisagem sem pitoresco e sem beleza. A feiúra é o meu estandarte de guerra. Eu amo o feio com um amor de igual para igual. E desafio a morte. Eu - eu sou a minha própria morte. E ninguém vai mais longe. O que há de bárbaro em mim procura o bárbaro e cruel fora de mim. Vejo em claros e escuros os rostos das pessoas que vacilam às chamas da fogueira. Sou uma árvore que arde com duro prazer. Só uma doçura me possui: a conivência com o mundo. Eu amo a minha cruz, a que doloridamente carrego. É o mínimo que posso fazer de minha vida: aceitar comiseravelmente o sacrifício da noite." (Ahn, Clarice)

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Sweetheart...

Pensei em escrever sobre várias coisas hoje, mas acabei me rendendo ao assunto mais difícil (aquele que me rende mais inspiração e, consequentemente, linhas). Vamos lá, que levantem as mãos aqueles que já se apaixonaram uma, duas ou quinze vezes na vida! Não importa, se apaixonar é novo e deslumbrante a cada diferente explosão de sensações. Já cheguei a pensar que amores são únicos e insubstituíveis, e que não há como gostar pra valer de mais de uma pessoa nesta vida. É engraçado como mudamos de opinião de tempos em tempos. Na verdade, é maravilhoso poder rever conceitos e atitudes passadas. Eu não me importo nem um pouco de ter que mudar de idéia às vezes, aliás eu penso que isso é uma das grandes dádivas que nós temos. Não creio que seja bacana ser uma pessoa contraditória, mas não vejo problema algum em se contradizer de vez em quando, desde que a palavra atual seja verdadeira para o momento em que se vive. Eu não tenho nenhum compromisso com o erro, não tenho medo de errar. E também não acho que as decisões devem sempre ser acertadas, pois cometer deslizes abre as portas para que possamos aprender, bem como para que repensemos nossas atitudes anteriores. Claro que não dá pra sair por ai ferindo todo mundo e depois voltar arrependido, dizendo que aprendeu muito com a situação, e que agora consegue compreender onde reside a falha. No entanto, quando falamos em amores mal resolvidos e corações em descompasso há sempre a possibilidade de reabilitação. Eu acredito sim, que possamos perdoar e reaprender a gostar de quem nos magoou, ou que possamos deixar de viver uma paixão intensa e encontrar um novo alguém. Não há a necessidade de comparação entre os vários amores que já tivemos, há a necessidade de entender que todos tiveram, cada um à sua maneira, a devida importância em nossa história. Continuo acreditando em amor à primeira vista, em conjunção estelar e almas que se completam mas, no momento, isso não me faz ser descrente em amor à segunda vista, em acaso e em várias almas complementares no decorrer de nossas vidas. Amores eternos existem sim, e eu não falo só de amores parentais, fraternais ou aqueles que sentimos por um amigo durante séculos. Tenho pra mim, que o amor entre um homem e uma mulher pode se estender durante toda a eternidade, o que não diminui a possibilidade de que, inevitavelmente, outros muitos amores eternos possam acontecer. Todas as pessoas que passam por nós deixam marcas. Algumas delas nos deixam lembranças lindas, porque nos cativaram e completaram um dia, enquanto outras nos fazem lembrar de como é sentir dor. E é naquelas pessoas, que nos deixaram as saudades gostosas do passado, que eu penso quando digo que existem amores eternos. Você pode não estar vivendo em um presente conjunto com esse alguém, mas ele lhe intensificou tanto um dia, que faz parte das boas recordações que você guarda no hoje, e, de tal modo, esse alguém será sempre eterno pra você. Aonde quer que eu esteja, meus amores eternos me acompanham. Carrego cada um deles em um pedacinho especial do meu coração, e isso não me impede de amar novamente. Na verdade, só me lembra de como eu posso ser capaz de me apaixonar e de viver, de um modo único e lindo, um novo amor.


"No final das contas não adianta reclamar, certas coisas ocorrem porque a gente permite."
Permita-se. Planeje se surpreender por algo novo, ou por algo antigo que resolveu se tornar atual.

sábado, 10 de julho de 2010

Enraizado.

Eu tenho a impressão de que eu nunca li tanto a página anterior da minha história. Não que eu esteja presa na mesmice do ontem, mas as lembranças têm se tornado tão frequentes que eu já posso chamá-las pelo apelido. Pra ser (terrivelmente) sincera, eu não sei se isso é bom ou se é ruim. Se por um lado eu me encho de esperanças pela possibilidade do reencontro com uma antiga releitura de mim mesma, por outro eu sou toda medo pois, querendo ou não, há a chance de eu ser surpreendida por um pacote de recordações vazias. De qualquer forma, é interessante reviver sentimentos que andavam guardados na gaveta. Culpa desse eterno vai e vem de tendências que não deixa o meu modo estranho de gostar cair de moda.