Aquele abraço congelado. O tapinha nas costas como que estipulando a distância mínima permitida. O coração que palpita ao ter que frear contra a própria vontade. É muito, e é muito pouco.
O contraste dos dias felizes comparados aos dias menos felizes, aos dias arrastados, mastigados, esmagados. O sinal vermelho permanente e o alerta de perigo constante. É muito, e é muito pouco.
O olhar que não encara e não vê, que não se atreve a ler e que se limita a apenas cruzar. O toque que se contém e que fica na ânsia mas não sente. É muito, e é muito pouco.
A fala que se perde e o sentimento que se esconde. A falsa sensação de que está tudo certo, engatinhando. Aquela lembrança dolorida e o sorriso de compensação (o verdadeiro guardado no bolso, quem sabe uma brecha).
A saudade alucinante, o grito preso por um fio e a vontade de quebrar todas as regras, derrubar todos os muros, preencher todos os espaços. É muito, e é muito pouco.
Dilacera. Reduz.
É muito. É inimaginável. É assustador.
Não é, nem de longe nem de perto, muito pouco.
"Vasculhando nas memórias algum assunto, encontrei a carta que eu rabisquei na capa de um livro: “pra você”, era o destinatário. Não sei por que não mandei, talvez não quisesse passar a limpo o passado. Em letras garrafais eu te dizia: “acertei o caminho não porque segui as setas, mas porque desrespeitei todas as placas de aviso”. E achei curioso eu usar essa metáfora sem nem ao certo saber o que queria te dizer com isto. E depois de repousadas aquelas palavras eu percebi quanta coisa eu escrevi pra você, querendo dizer pra mim. Porque eu jamais chegaria aonde cheguei se só andasse em linha reta. Tive que voltar atrás, andar em círculos, perder dias, perder o rumo, perder a paciência e me exaurir em tentativas aparentemente inúteis pra encontrar um quase endereço, uma provável ponte: a entrada do encontro.Você tão ocupado com seus mapas, tão equipado com sua bússola, demorou tanto, fez sinais de fumaça e não veio. Você simplesmente não veio. Mas me ensinou a intuir caminhos certos, a confiar nos passos, a desconfiar dos atalhos. Porque eu estava do outro lado e só. Sem amparo. Mas caminhava. E você estava absolutamente equipado com seu peso. E impedido de andar por seus medos."
[Marla de Queiroz]
E eu, tão regrada sempre, decidi andar de olhos fechados.
sexta-feira, 15 de abril de 2011
quarta-feira, 13 de abril de 2011
Visita.
Hoje o Tom Jobim me visitou em sonho pra me lembrar de que pra essas doenças do coração não existem reza, remédio ou bebedeira suficientes.
Existe é a saudade cortante e aquela sensação de perda de tempo, de desperdício de vida.
E sim, eu concordo. Não sou capaz de discordar...
"Ah, se já perdemos a noção da hora
Se juntos já jogamos tudo fora
Me conta agora como hei de partir
Se, ao te conhecer, dei pra sonhar, fiz tantos desvarios
Rompi com o mundo, queimei meus navios
Me diz pra onde é que ainda posso ir
Se nós, nas travessuras das noites eternas
Já confundimos tanto as nossas pernas
Diz com que pernas eu devo seguir."
Existe é a saudade cortante e aquela sensação de perda de tempo, de desperdício de vida.
E sim, eu concordo. Não sou capaz de discordar...
"Ah, se já perdemos a noção da hora
Se juntos já jogamos tudo fora
Me conta agora como hei de partir
Se, ao te conhecer, dei pra sonhar, fiz tantos desvarios
Rompi com o mundo, queimei meus navios
Me diz pra onde é que ainda posso ir
Se nós, nas travessuras das noites eternas
Já confundimos tanto as nossas pernas
Diz com que pernas eu devo seguir."
terça-feira, 12 de abril de 2011
Sofrível.
Tô sofrendo, ponto.
Pronto. Eu assumo, repito, escancaro.
Será que dá, por favor, pra parar de tentar dar nome, sobrenome e ascendência pro que eu tô sentindo?
Quer saber? Me pergunta. Mas não se surpreenda caso eu também não saiba explicar.
Só sei que tô sofrendo, ponto.
É um gostinho ruim de não-sei-o-quê que não sai da boca. Não adianta escovar os dentes, comer chocolate ou tomar suco de acerola. Não passa, não alivia, não desgruda. Dói na alma pra engolir.
Tô sofrendo em tempo real. Tô juntando os cacos, remendando os buracos e pedindo por remissão.
Tô sofrendo por ser mal entendida, mal interpretada e mal amada.
Quero parar de sofrer.
Pronto. Eu assumo, repito, escancaro.
Será que dá, por favor, pra parar de tentar dar nome, sobrenome e ascendência pro que eu tô sentindo?
Quer saber? Me pergunta. Mas não se surpreenda caso eu também não saiba explicar.
Só sei que tô sofrendo, ponto.
É um gostinho ruim de não-sei-o-quê que não sai da boca. Não adianta escovar os dentes, comer chocolate ou tomar suco de acerola. Não passa, não alivia, não desgruda. Dói na alma pra engolir.
Tô sofrendo em tempo real. Tô juntando os cacos, remendando os buracos e pedindo por remissão.
Tô sofrendo por ser mal entendida, mal interpretada e mal amada.
Quero parar de sofrer.
domingo, 10 de abril de 2011
Sublimando.
Eu vou sofrendo em doses homeopáticas que é pra não correr o risco de perder o coração pra dor.
terça-feira, 5 de abril de 2011
Sopro.
Eu quero mais é que o vento tire os meus pés do chão e ative a engrenagem das minhas asas.
Eu quero mais é correr riscos, não andar nos eixos e destrilhar os trens da minha imaginação.
Eu quero mais é me libertar das minhas amarras, das minhas crenças pré-históricas e dos meus alicerces mal construídos.
Eu quero mais é olhar para o ontem e chamá-lo pra uma conversa de bar no amanhã. Só nós dois, de menina pra mulher.
Eu quero mais é que se danem todos aqueles que se escondem atrás da saia do medo, da insegurança e da mediocridade. São todos uns mesquinhos carregando pra todo lado a pastinha do discurso decorado, enfeitado, adornado de mentiras mal ensaiadas.
Eu quero mais é que me julguem e dêem a sentença errada mais uma vez. Adoro ver a cara de porta das pessoas ao descobrirem algo novo e surpreendente sobre mim.
Eu quero mais é que me decifrem de vez em quando também, pois ser bem lida, às vezes, é um grande prazer... E eu quero é mais prazer.
Eu quero mais é redescobrir o que já sabia e me satisfazer das velhas idéias.
Eu quero mais é um amor intenso, que me desafie, que me deslumbre e que desperte tudo o que há de melhor e pior em mim.
Eu quero mais é acertar de primeira e errar continuamente. Eu quero apostar no jogo da vida e sair derrotada de tão vitoriosa.
Eu quero mais é deslizar...
Eu quero mais é desafiar...
Eu quero mais é intrigar...
Eu quero mais do mesmo e menos do mesmo.
Eu quero mais é fazer o mundo parar pra eu poder dizer o quanto eu gosto de estar aqui deslizando, desafiando, intrigando.
Eu quero mais é me orgulhar da minha falta de orgulho.
Eu quero mais é não perder as esperanças, mas perder a hora sempre que estiver caindo aquela chuva gostosa.
Eu quero mais é SER LEVADA A SÉRIO. Eu não vim aqui a passeio não. De qualquer forma, fique à vontade pra me levar pra passear.
Eu quero mais é que escutem o que eu tenho pra falar:
EU NÃO QUERO PASSAR EM BRANCO. EU QUERO MAIS É PASSAR EM COLORIDO.
A vida, como já dizia Niemeyer, é um sopro.
Se você anda meio desbotado, meu bem, é porque já passou da hora de deixar-se colorir.
Se você quiser, é claro, eu posso te emprestar a minha caixa de lápis de cor e te ajudar a preencher os espaços vazios.
"Estou procurando, estou procurando.
Estou tentando entender.
Tentando dar a alguém o que vivi e não sei a quem, mas não quero ficar com o que vivi.
Não sei o que fazer do que vivi, tenho medo dessa desorganização profunda. Não confio no que me aconteceu.
Aconteceu-me alguma coisa que eu, pelo fato de não saber como viver, vivi uma outra?
A isso quereria chamar desorganização, e teria a segurança de me aventurar, porque saberia depois para onde voltar: para a organização anterior.
A isso prefiro chamar desorganização pois não quero me confirmar no que vivi - na confirmação de mim eu perderia o mundo como eu o tinha, e sei que não tenho capacidade para outro."
[Clarice lispector]
Eu quero mais é correr riscos, não andar nos eixos e destrilhar os trens da minha imaginação.
Eu quero mais é me libertar das minhas amarras, das minhas crenças pré-históricas e dos meus alicerces mal construídos.
Eu quero mais é olhar para o ontem e chamá-lo pra uma conversa de bar no amanhã. Só nós dois, de menina pra mulher.
Eu quero mais é que se danem todos aqueles que se escondem atrás da saia do medo, da insegurança e da mediocridade. São todos uns mesquinhos carregando pra todo lado a pastinha do discurso decorado, enfeitado, adornado de mentiras mal ensaiadas.
Eu quero mais é que me julguem e dêem a sentença errada mais uma vez. Adoro ver a cara de porta das pessoas ao descobrirem algo novo e surpreendente sobre mim.
Eu quero mais é que me decifrem de vez em quando também, pois ser bem lida, às vezes, é um grande prazer... E eu quero é mais prazer.
Eu quero mais é redescobrir o que já sabia e me satisfazer das velhas idéias.
Eu quero mais é um amor intenso, que me desafie, que me deslumbre e que desperte tudo o que há de melhor e pior em mim.
Eu quero mais é acertar de primeira e errar continuamente. Eu quero apostar no jogo da vida e sair derrotada de tão vitoriosa.
Eu quero mais é deslizar...
Eu quero mais é desafiar...
Eu quero mais é intrigar...
Eu quero mais do mesmo e menos do mesmo.
Eu quero mais é fazer o mundo parar pra eu poder dizer o quanto eu gosto de estar aqui deslizando, desafiando, intrigando.
Eu quero mais é me orgulhar da minha falta de orgulho.
Eu quero mais é não perder as esperanças, mas perder a hora sempre que estiver caindo aquela chuva gostosa.
Eu quero mais é SER LEVADA A SÉRIO. Eu não vim aqui a passeio não. De qualquer forma, fique à vontade pra me levar pra passear.
Eu quero mais é que escutem o que eu tenho pra falar:
EU NÃO QUERO PASSAR EM BRANCO. EU QUERO MAIS É PASSAR EM COLORIDO.
A vida, como já dizia Niemeyer, é um sopro.
Se você anda meio desbotado, meu bem, é porque já passou da hora de deixar-se colorir.
Se você quiser, é claro, eu posso te emprestar a minha caixa de lápis de cor e te ajudar a preencher os espaços vazios.
"Estou procurando, estou procurando.
Estou tentando entender.
Tentando dar a alguém o que vivi e não sei a quem, mas não quero ficar com o que vivi.
Não sei o que fazer do que vivi, tenho medo dessa desorganização profunda. Não confio no que me aconteceu.
Aconteceu-me alguma coisa que eu, pelo fato de não saber como viver, vivi uma outra?
A isso quereria chamar desorganização, e teria a segurança de me aventurar, porque saberia depois para onde voltar: para a organização anterior.
A isso prefiro chamar desorganização pois não quero me confirmar no que vivi - na confirmação de mim eu perderia o mundo como eu o tinha, e sei que não tenho capacidade para outro."
[Clarice lispector]
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