segunda-feira, 17 de setembro de 2012

No portão.

Quando ele atravessou aquele portão, foi como se tivessem roubado-lhe o calor do corpo. Então a força dos braços também desapareceu, e ela sentiu a visão turva. Era o colorido do dia tomando nuances de cinza. Vagarosamente. Doloridamente e até a próxima reanimação.

domingo, 22 de abril de 2012

Suor.

É claro que os meus surtos repentinos de inspiração me assustam. Não tanto quanto as minhas paixões inesperadas, fácil de se supor. E quem é que se surpreende quando já está esperando pelo toque da campainha, pela ligação de madrugada ou pelo encontro das mãos impacientes? Que medo bom.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Com você.

Contra tudo o que já disse
Contra-argumento
Contra tudo o que não disse
Contratempo
Contra nós
Contradição
Em nossa defesa
Contrato
Pra nossa sorte
Constato: não tem remédio, saída nem solução.
E eu só fui perceber a real dimensão do meu poder de fogo depois de ter puxado o gatilho.
Estilhaços pelo coração.
Sinapses interrompidas.
Falência múltipla.
Silêncio
Silên
Si
.

Declaração de Amor.

Nunca te amei.
Nunca gostei de ouvir sua voz,
e odiava o fato de nós
continuarmos juntos.
Nunca te amei.
Nunca gostei daquele cheiro em você,
e odiava quando ousava dizer
que eu era o seu mundo.
Nunca te amei.
Nunca gostei dos seus cabelos compridos,
e odiava que quando estava comigo
me oferecia tudo.
Nunca te amei.
Nunca gostei do seu abraco apertado,
e odiava aqueles beijos roubados
em meio ao tumulto.

Levante agora e vá viver por você.
Recolha os cacos
e se torne alguém.
Costure os trapos
e enxergue além,
que numa esquina, em outra vida, porém
te espero como nunca.
Nunca não te amei.

domingo, 22 de janeiro de 2012

Como quem zomba do próprio futuro eu faço as pazes com o meu passado.