quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Gostar.

"O amor não poderia morrer, ele não tem fim. Nós que criamos a despedida por não suportar sua longevidade.
(Quantas vezes eu assassinei o amor?)"

[Fabricio Carpinejar]


E quantas vezes eu insisti na reanimação, em ligar pra ambulância ou nas rezas de todos os santos?
E quantas vezes eu me permiti, me entreguei, me desvendei e acabei por me despedaçar (pra depois sair por ai juntando os pedacinhos, sem reclamar da minha má sorte)?
E quantas vezes eu falei por um olhar, um abraço, um sorriso (pelas sutilezas do romance que se perdem com o tempo)?
E quantas noites eu não zelei pela dúvida pra acordar feliz ao lado da certeza mais gostosa do mundo?
E quantos cheiros, sussurros e sabores eu não experimentei de cara amarrada (e depois acabei me acostumando a sentir o doce que é compartilhar os temperos do dia-a-dia)?
E quantas foram as tentativas frustradas de falar o que eu sentia (até que finalmente eu me libertasse das amarras que seguravam o meu coração)?
E quanto tempo eu não passei desejando caminhar lado a lado, sem poder falar, nem ouvir, nem ver, só sentir (pra depois descobrir que desejar não é menos suficiente do que agir)?

O inato é duvidoso há séculos. Pra saber fazer nós devemos tentar fazer, e só. Mas tentar de coração aberto, com vontade, empenho e pé no chão.
As dúvidas nos abrem portas quando conseguimos desvendá-las, e não quando insistimos em tê-las como companhia. Sonhar é essencial, mas viver é respirar. Duvidar é procurar o caminho, mas acreditar é já estar caminhando. Errar é aprendizado, mas acertar é conclusão. Fugir é se afastar dos medos, mas enfrentar é eliminá-los. Experimentar é buscar prazer, mas fincar raízes é sentir prazer.

Construir algo ao lado de alguém é compartilhar, é multiplicar, é arriscar. É não precisar olhar para o lado, simplesmente por saber que a pessoa vai estar ali... Sempre.

Nenhum comentário: